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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Trapalhada

Só um estado de graça prolongado e um país dividido em duas claques permite olhar para o que se tem passado na Caixa Geral de Depósitos (CGD) como se não estivéssemos num fim de ciclo.

Tanta trapalhada, que começou com uma lista de nomes para a administração de que alguns tiveram de ser apagados e que culmina com o valor dos salários versus o valor da transparência, não é coisa que se recomende.

E, pelo meio, ainda anda esquecida a recapitalização de milhares de milhões.

De igual forma, ganha estatuto de trapalhada geral uma discussão do Orçamento do Estado em que se permite à oposição não discutir documento nenhum mas a falta deles.

E continua no reino da trapalhada um debate sobre pensões e reformas, em que os parceiros da coligação à esquerda estão mais entretidos em marcar as suas diferenças do que em marcar a diferença para o anterior governo.

É evidente que o tempo passa e nada sustenta a tese de que estamos em fim de festa ou em fim de ciclo. Havia mais sinais nesse sentido quando a coligação nasceu do que agora, tal foi a surpresa. A trapalhada geral que temos vivido nos últimos tempos até pode passar a ser um modo de vida, numa geringonça em que o instinto de sobrevivência obriga cada um a puxar para o seu lado, mas revela apenas um grau de cansaço que é sempre superior a quem tem de negociar, de forma permanente, agendas que buscam a popularidade.

É por isso que os tiros nos pés virão sempre com mais frequência dos membros do governo, sujeitos a uma agenda parlamentar que é preciso driblar. Na CGD, por exemplo, alguém consegue perceber qual foi a participação do Bloco e do PCP nesta história? Zero ou pouco mais do que isso! Não vejas, não ouças, não fales e nada de mal que aconteça é tua responsabilidade. Há coisas que se governam em segredo, para bem da coligação e para mal de quem decide.

Paulo Baldaia, DN

João Lobo Antunes 1944-2016

O neurocirurgião João Lobo Antunes morreu esta quinta-feira na sua casa, em Lisboa.Lutava há vários anos contra um cancro na pele. Nos últimos tempos passou por sucessivos internamentos no Hospital CUF Infante Santo, tendo tido sempre alta para o domicílio.


O Valor Do Tempo ...

Fotografia contemporânea de Munimara

O tempo é, mais do que a vida, volátil, instável: inexistente, até. O valor do tempo é uma abstração; a extensão do tempo é uma construção psicológica, pouco mais do que isso. Quando alguém se queixa de falta de tempo está, na verdade, a queixar-se de falta de si no tempo: de falta de tempo de vida por dentro da vida do tempo.

Pedro Chagas Freitas