sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (71)

 

Esta é a encruzilhada política em que nos encontramos: ineficácia e caos, oferecidos numa bandeja pelos incompetentes, e ilusões e intolerância, armadilhadas pelos aspirantes a ditadores; ou, numa verdadeira alternativa, com criatividade, lisura e tolerância, que são as bandeiras que os democratas devem desfraldar sem hesitações.   (Victor Ângelo, DN)

Em certas sociedades europeias e noutras, a opinião política deixou de ser construída à volta de ideais e de planos. O slogan populista basta. As expressões esquerda e direita perderam o sentido, tornaram-se ocas e transformaram-se em capelas erguidas à volta de certas personalidades, sobretudo as que têm uma voz grossa, um pensamento simplista e um desprezo evidente por outros segmentos da sociedade.

A demagogia é o terreno fértil dos oportunistas e dos caciques primários. O desafio é combatê-la com serenidade e coragem. Não é fácil manter o sangue-frio. Mas temos de nos lembrar que a exaltação e o enraivecimento são as ratoeiras que os extremistas nos colocam no caminho. Não podemos cair nessas armadilhas.

Chove


A chuva cai. 
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.

(Ana Cristina César)