Mas eu lembro-me. Lembro-me que um mês antes de Sócrates ser preso, Augusto Santos Silva aconselhava Cavaco a não condecorar o ex-primeiro-ministro, pois essa condecoração seria uma "nódoa" para Sócrates: "Haverá certamente, dentro em breve, um Presidente merecedor da honra de condecorá-lo."
Lembro-me que Vieira da Silva, invariavelmente apresentado como "ministro da Segurança Social de José Sócrates", foi ministro da Economia entre 2009 e 2011, quando o país se afundou economicamente na bancarrota. Lembro-me que João Soares, futuro ministro da Cultura, considerou há um ano a prisão de Sócrates "injusta e injustificada" e uma "perversa tentativa de humilhação".
Lembro-me que Capoulas Santos, futuro ministro da Agricultura, declarou acreditar que ele era "obviamente" inocente, à saída da prisão de Évora.
E porque me lembro disto tudo, estou até receoso que a nomeação de Francisca Van Dunem para ministra da Justiça, interpretada por alguns comentadores como um reforço da autoridade do Ministério Público junto do governo, tenha sido antes uma escolha de António Costa com o objectivo de vigiar de perto a actividade da Procuradoria numa era dominada por vários processos com profundas implicações políticas. Tendo em conta o currículo do PS no domínio da justiça desde os tempos da Casa Pia, ninguém pode dormir descansado. Mas se a qualidade da nomeação de Van Dunem é ainda incerta, isto, pelo menos, já temos como certo: António Costa não retirou qualquer ilação política nem do desastre de 2011, nem da detenção de 2014.(...) (continuar a ler aqui)
Sim, ok, pertenceram ao governo anterior do PS, isso está nas suas biografias. Mas parece que não faz mal. Não tem importância. Já foi há quatro anos. Tanto tempo. José Sócrates? Quem é esse?
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quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Não Tenho Pressa ...
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Alberto Caeiro
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Alberto Caeiro
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