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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Beneficiários Da ADSE Descriminados Negativamente Face A Utentes Do SNS ...

Se o normal é dizer que os beneficiários da ADSE têm mais regalias que os restantes utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no acesso aos cuidados de saúde, a verdade é que há situações em que ter ADSE só prejudica.

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tem recebido várias exposições e pedidos de informação por parte de beneficiários da ADSE, que se têm sentido descriminados. Num parecer divulgado esta terça-feira, o Regulador da Saúde defende que não haja qualquer diferença de tratamento e que um beneficiário da ADSE “possa optar pelas regras de acesso aplicáveis aos demais utentes beneficiários do SNS”.

A ERS avança mesmo com exemplos: uma utente com incapacidade permanente global de 64% que se deslocou ao seu centro de saúde para solicitar a isenção de taxas moderadoras e foi informada que a isenção não abrangeria exames complementares e de diagnóstico, por ser beneficiária da ADSE. Se não tivesse ADSE a isenção seria total. Outra queixa chegou de uma beneficiária da ADSE que foi a uma clínica privada para a realização de um Holter, conforme requisição médica previamente obtida no centro de saúde, e a quem foi recusado o exame, pelo facto da dita unidade de saúde não possuir convenção com a ADSE, mas apenas com o SNS.

Questionada pelo Observador fonte oficial do Ministério da Saúde respondeu que “não é suposto haver diferenças de tratamento no SNS, muito menos entre quem é e quem não é da ADSE. Se há caso ou casos pontuais será averiguado, com certeza”.

Os funcionários públicos, e pensionistas do Estado, descontam, desde Junho do ano passado, 3,5% do salário ou pensão para este subsistema.

É bom que seja averiguado - mas, com toda a certeza !    

Preparemo-nos Para A Incerteza Forma Superior De Aflição

Teria sem sombra de hesitação ido para a rua, para todas as ruas, comungando do mesmo luto e da mesma raiva, enrolada na bandeira da “diferença” da minha civilização: quando certas caricaturas ou atitudes versando a religião católica me incomodam não agarro numa arma e quando delas discordo, não a disparo. Usufruindo da minha própria liberdade de expressão limito-me a sinalizar – ou não – desconforto ou discordância. Mas a barbárie é mais lesta, dispara, exclui e aniquila. Preparemo-nos para a incerteza, forma superior de aflição. E da manifestação de ontem em Paris retenhamos o que deve ser retido: a extrema “eficácia” política do atentado contra o Charlie Hebdo, teve resposta -hipócrita porventura em algum sentido – mas igualmente eficaz. Mas, sim, preparemo-nos para a incerteza.

Fonte:Maria João Avillez, ' O certo e o incerto' Observador 

Exagero ...

Hoje, no café, aqui-del-rei que eu exagero, aqui-del-rei que conto uma anedota e a anedota sai da 

minha boca transfigurada. Aqui-del-rei que descrevo um indivíduo e ponho bigodes de polícia onde 

havia somente uma discreta penugem. É certo, exagero. Começo a pintar um botão, e é capaz de me 

sair o cosmos. Mas pergunto: — Pondo como condição que não haja mentira em absoluto no que diz, 

quem é mais de aqui-del-rei: quem acrescenta, enriquece, aumenta e vivifica as coisas, ou quem as 

diminui, amesquinha, empobrece, achata e reduz a nada?

Miguel Torga