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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Notícias Ao Fim Da Tarde (act.)


A Direita Em Portugal Está Numa Encruzilhada

A direita em Portugal está numa encruzilhada. Bastou a eleição de um deputado eloquente do Chega (partido que mal sabemos o que é, pois só nos deu a conhecer André Ventura) para abanar todo o setor. O CDS, com medo de desaparecer “engolido” pelo radicalismo populista, elegeu um jovem líder, aparentemente, para ressuscitar o lado mais velho e conservador do partido. Uma espécie de estratégia de “ou vai o racha” que é compreensível à luz da realidade atual e que, ainda assim, parece mais moderada que a do Chega. O PSD – dentro da sua diversidade habitual – ao contrário do que talvez fosse expetável, reelegeu Rui Rio e, por ora, conteve-se no centro. No entanto, todos estes partidos revelam medo de nunca mais chegar ao poder se descartarem alianças com esta nova direita por ora de representação diminuta, mas muito ruidosa.
Francisco Proença de Carvalho, ECO

Não Sei Se Os Astros Mandam Neste Mundo

Não sei se os astros mandam neste mundo,
Nem se as cartas —
As de jogar ou as do Tarot —
Podem revelar qualquer coisa.
Não sei se deitando dados
Se chega a qualquer conclusão.
Mas também não sei
Se vivendo como o comum dos homens
Se atinge qualquer coisa.
Sim, não sei
Se hei-de acreditar neste sol de todos os dias,
Cuja autenticidade ninguém me garante.
Ou se não será melhor, por melhor ou por mais cómodo,
Acreditar em qualquer outro sol —
Outro que ilumine até de noite. —
Qualquer profundidade luminosa das coisas
De que não percebo nada...
Por enquanto
(Vamos devagar)
Por enquanto
Tenho o corrimão da escada absolutamente seguro.
Seguro com a mão —
O corrimão que me não pertence
E apoiado ao qual ascendo...
Sim... Ascendo
Ascendo até isto:
Não sei se os astros mandam neste mundo...

      Álvaro de Campos (5-1-1935)