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sábado, 4 de janeiro de 2020

Notícias Ao Fim Da Tarde


O Estado Da Nação

As duas primeiras décadas deste século são um somatório de oportunidades perdidas para Portugal. Não houve reformas estruturais e as poucas mudanças que se fizeram acabaram por ser em boa parte revertidas. A presença de portugueses em cargos internacionais de relevo, ao longo destas duas décadas, é inversa em relação às melhorias e aos progressos verificados no país. Foram duas décadas de degradação do sistema político, do surgimento de numerosos casos de corrupção de várias dimensões, de descrédito do Parlamento e dos partidos do sistema. Foram anos de aperto, de destruição de valor, de colapso de instituições financeiras, de degradação dos serviços públicos.

Continuámos a ver as promessas eleitorais serem desmentidas na prática logo a seguir à contagem dos votos. O sistema deixou de usar a confiança como moeda de troca. A justiça é uma miragem. Os cidadãos pagam mais ao Estado e recebem menos. Os eleitores afastam-se, cada vez em maior número, dos processos eleitorais. Os governantes são eleitos por uma minoria. As grandes cidades estão a deixar de ter habitantes, trocados por visitantes. A especulação imobiliária instalou-se. Em Lisboa, o programa político da autarquia é afastar os lisboetas, tornar-lhes a vida difícil e deixar a sujidade e a porcaria invadir toda a cidade. Na primeira vintena de anos deste século, o progresso foi pouco e o retrocesso foi enorme. É este o estado da nação no início de uma nova década.

Manuel Falcão, JNegócios

Quem Somos Nós? Navios Que Passam Um Pelo Outro Na Noite


Que somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite,
Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.

Álvaro de Campos