domingo, 9 de julho de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Erosão Da Biodiversidade Em Portugal

Âmio vulgar (Ammi majus) DORIT BAR-ZAKAY/GETTY IMAG

Plantas silvestres nativas beneficiam vinha, mas oferta de sementes ainda é pobre. Em Portugal, o espaço urbano é muito idêntico, com “plantas muito semelhantes e a relva muito aparada”. “Isso não traz biodiversidade, da qual resulta a atracção de borboletas, joaninhas ou abelhas. O embelezamento dos parques não é necessariamente mau, mas é necessário deixar que as plantas cresçam e produzam sementes para as gerações seguintes” 

Também a recuperação das áreas ardidas pelos incêndios é outra dimensão que pode ser favorecida pela reconstrução da flora autóctone. Os critérios das faixas de gestão de combustível por desmatação, explanados no Decreto-Lei n.º 82/2021 com vista à prevenção do impacto dos fogos rurais, terá causado, lembrou João Gomes, um forte impacto negativo sobre a biodiversidade. Aqui, a resposta do projecto do CBMA aponta para a possibilidade de “recuperar a biodiversidade com plantas nativas” na renaturalização das áreas de incêndio.

Sobre a erosão da biodiversidade em Portugal o investigador salvaguarda ainda que o abandono de práticas como a agricultura tradicional e consequente pastorícia de montanha, ou das queimas controladas também resultaram em “desertificação e perda de biodiversidade”. “A Suíça, por exemplo, já está numa fase de estética. Os agricultores são obrigados a deixar 8% do seu terreno agrícola para plantas autóctones, algo que Portugal poderia implementar”, refere.

(Pedro Manuel Magalhães, Público

A Nostalgia Da Europa

 
Na Idade Média, a unidade europeia repousava na religião comum. 
Nos Tempos Modernos, ela cedeu o lugar à cultura (à criação cultural) que se tornou na realização dos valores supremos pelos quais os Europeus se reconhecem, se definem, se identificam. 
Ora, hoje, a cultura cede, por sua vez, o lugar.
Mas, a quê e a quem? Qual é o domínio onde se realizaram valores supremos susceptíveis de unir a Europa? As conquistas técnicas? O mercado? A política com o ideal de democracia, com o princípio da tolerância? Mas, essa tolerância, que já não protege nenhuma criação rica nem nenhum pensamento forte, não se tornará oca e inútil? Ou então, será que podemos entender a demissão da cultura como uma espécie de libertação à qual nos devemos abandonar com euforia? Não sei. 
A única coisa que julgo saber é que a cultura já cedeu o seu lugar. 
Assim, a imagem da identidade europeia afasta-se do passado. 
Europeu: aquele que tem a nostalgia da Europa.

(Milan Kundera, in "A Arte do Romance")