sábado, 4 de novembro de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (226)

Advocacia: Morreu o Profissional Liberal? - A progressiva comercialização da advocacia, seja ela propositada ou acidental, aparenta ser um dado fáctico, mesmo perante o atrito da lei e o estigma da tradição.   (Daniel Bessa, ECO)

Gradualmente a advocacia requer um maior aporte de instrumentos que permitam satisfazer as necessidades do cliente. Os grandes escritórios, por seu turno, agregam os seus profissionais sob uma marca comum por vezes mais apta a atrair clientela do que a habilidade pessoal do profissional, guiando-se por uma estrita lógica de organização empresarial – que o digam os managing partners. Comportam-se, atuam e apresentam-se como verdadeiras empresas, ainda que o Estatuto da Ordem dos Advogados ache tudo isto uma enorme aberração.

Resta saber até quando insistiremos em ignorar estas realidades, em evidente prejuízo dos operadores económicos e em prol da estagnação intelectual e profissional.

A Ética


Os problemas começam quando nos deparamos com as inconstâncias do mundo. Relações voláteis, ídolos incertos, amigos distantes, mestres ausentes. Em um mundo onde tudo pode, encontramos a ética do nada conseguirmos. De um lado, estamos entregues a um relativismo molenga, onde a vontade não se expressa afirmativamente. De outro, estamos rendidos às alegrias passivas, rígidas, frígidas, que mais parecem tristezas ativas. Falta-nos a solidez de uma ética rigorosa, mas principalmente a doçura dos prazeres perenes.
Se antes estávamos presos a rótulos, títulos, ideias, convenções, então podemos dizer que agora estamos soltos demais. Se antes os modelos nos oprimiam, agora sentimos vertigens. Não nos tomem por retrógrados, o raciocínio é na realidade simples: não encontramos as medidas certas. Ídolos foram quebrados, é hora de pensar algo interessante para fazer. Deuses morreram, está na hora de inventar novas maneiras de viver.   

(Fundamentos, Ética da Doçura)