quarta-feira, 26 de julho de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (155)

No mundo materialista em que vivemos atualmente, e com a crise de valores atual, associada à falta de cultura e à noção dos deveres e direitos que possuímos como cidadãos, torna-se imperioso que exista, de facto, educação para a cidadania nas nossas escolas.   (Ana Catarina Mesquita, Visão)

Julgo que esta disciplina pode e deve ser aproveitada de outra forma por diversas escolas, uma vez que o propósito da sua criação é nobre e fundamental para os nossos jovens. A escola deve ir muito além da aquisição de conteúdos, ainda que esta seja, também, fundamental.

É uma disciplina que visa contribuir para a formação de indivíduos responsáveis, solidários, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres, respeitando os outros e vivendo num espírito democrático. Contudo, algo está a falhar, porque no momento em que vemos bullying, discriminação, intolerância e desvalorização perante a diferença, ficamos a pensar que existe muita discussão necessária sobre temas essenciais, um diálogo que não está a acontecer em várias escolas, ainda que, evidentemente, noutras sim. Ainda assim, de uma forma geral, há um grande peso atribuído aos conteúdos em comparação com aquele que é conferido à discussão dos valores de cidadania.

A Partir Desta Idade


A partir desta idade vê-se tudo:vê-se a margem impetuosa,
vê-se o fulgor das colinas,
vê-se o pátio onde tudo acontece,
vêem-se as portas que ninguém abre,
vêem-se os desertos que ninguém celebra;
vê-se o mar e vê-se a espuma do mar,
vê-se o rio que vem da infância,
vêem-se as nuvens correndo leves mais além,
vê-se a lua e o esplendor da caverna
- o cume como um pensamento inacabado -
vê-se o centro do mundo sem se mudar de lugar,
vê-se por cima e por baixo, à direita e à esquerda, com os olhos fixos,
e vêem-se nítidos, feitos de espanto e liberdade,
os nossos pés desnudos no ar
sem encontrarem nunca a terra firme que procuram.

(Rafael Felipe Oteriño)
(Versão de Lp)

( Felipe Oteriño nasceu em La Plata, Argentina, em 1945. Sua poesia, inscrita no 
que em seu país se chamava “poesia do pensamento”