quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Eis A Questão

Um novo tempo de trevas - Sabemos muito bem o que originou esta terrível mudança, mas não sabemos ainda como a reverter. Essa é de resto a origem da grande angústia dos nossos tempos: como recuperar o consenso democrático?  (Manuel Carvalho, Público)

O farol da democracia dos Estados Unidos apagou-se esta terça-feira e só os mais optimistas hão-de acreditar que a sua luz só está temporariamente perdida num nevoeiro fugaz. Na obscuridade, não haja dúvidas, haverá jornalistas, magistrados, servidores públicos, académicos, artistas e milhões de cidadãos a lutar pelo seu brilho e a seguir a iluminação dos seus avisos. Mas depois da onda de choque provocada pela brutal vitória de Donald Trump nas eleições de terça-feira, não há razões para se acreditar que está em causa um fenómeno passageiro. Os Estados Unidos e, muito provavelmente por efeitos de contágio, a Europa e o mundo estão de volta a uma ordem política. O sentido de progresso da Humanidade em direcção às Luzes que o Ocidente começou a construir há dois séculos entrou outra vez em recuo. As trevas estão de volta. A democracia sofreu uma das suas maiores derrotas de sempre.

Notícias Ao Fim Da Tarde


A Frase (278)

Embora os decisores políticos e os tecnólogos estejam a acordar para a ameaça, a tecnologia subjacente está agora a mover-se de forma dramaticamente mais rápida do que os debates políticos e os processos legislativos.  (Charles Ferguson, J Negócios)
 
Tal como o Ocidente foi forçado a entrar em confronto com a Rússia e a China, os conflitos militares revelaram grandes fraquezas sistémicas nas forças armadas dos EUA e da Europa e nas respetivas bases industriais de defesa. (...)

Apesar de algumas empresas norte-americanas, como a Google, terem mantido a propriedade dos seus modelos de IA e restringido o acesso chinês à sua tecnologia, outras fizeram o oposto. (...)

Os setores tecnológicos dos EUA e da Europa comportam-se assim como um pelotão de fuzilamento circular, com empresas individuais a tentarem vender o máximo possível à China. Ao tentarem ganhar vantagem sobre os seus concorrentes diretos, cada empresa enfraquece a posição de longo prazo de todas as outras e, em última análise, até a sua própria. Se isto continuar, o resultado previsível é que os EUA e a Europa Ocidental ficarão atrás da China – e até mesmo atrás da Rússia, do Irão ou de grupos terroristas descentralizados – tanto na guerra impulsionada pela IA como nas aplicações comerciais da IA.

A estratégia lógica é que o Governo dos EUA e a União Europeia sirvam como agentes de negociação em nome da indústria ocidental quando lidam com a China. Isto significa agir em concertação com a indústria, mantendo ao mesmo tempo o poder e a independência necessários para estabelecer e aplicar controlos rigorosos (que a indústria deve reconhecer que são do seu próprio interesse a longo prazo). (...)

Infelizmente, este não é o rumo que as coisas estão atualmente a tomar. Embora os decisores políticos e os tecnólogos estejam a acordar para a ameaça, a tecnologia subjacente está agora a mover-se. (...)

O Espírito Da Montanha


“Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, 
mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a.” 

(William Shakespeare)