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quinta-feira, 22 de março de 2018

Notícias Soltas

Vivemos Na Era Da Governação Por Ilusionismo

As medidas deste ano no IRS beneficiam mesmo os que têm rendimentos mais elevados, apesar de terem sido apresentadas como atingindo o objectivo exactamente oposto. Decisões destas, sem que se oiça uma palavra do PCP e do Bloco de Esquerda seriam impensáveis noutros tempos. E aqui temos mais um exemplo do ilusionismo que se tem praticado na governação.
Outros dossiers revelam exactamente as mesmas características, de ilusionismo, de expectativas criadas que não se concretizam e, em termos gerais, de infantilização da sociedade. Transformando-nos em incapazes de compreender que o Estado não tem, de facto, dinheiro para fazer aquilo que o Governo está a prometer. Que a ideia de que havia outra alternativa, por contraponto ao não há outra alternativa (retirado da expressão em inglês There Is No Alternative, TINA), é viável em tudo menos quando não há dinheiro.
É nesta ilusão de alternativa que a prometida integração dos precários se vai atrasando, assim como a aplicação as progressões nas carreiras. É por isso que a Saúde se vê congelada e com necessidade de ser chamada aos rigores financeiros das estratégias cativadoras de Centeno. É também por isso que se arrastaram os processos das vítimas de Pedrogão, que só o Presidente conseguiu acelerar para vermos agora em Março o pagamento das primeiras indemnizações às vítimas. Mas faltam ainda os feridos.
Excertos do artigo de Helena Garrido, OBSR

Dois Horizontes Fecham A Nossa Vida


Dois horizontes fecham nossa vida: 

    Um horizonte, — a saudade 
          Do que não há de voltar; 
          Outro horizonte, — a esperança 
          Dos tempos que hão de chegar; 
          No presente, — sempre escuro,— 
          Vive a alma ambiciosa 
          Na ilusão voluptuosa 
          Do passado e do futuro. 

          Os doces brincos da infância 
          Sob as asas maternais, 
          O vôo das andorinhas, 
          A onda viva e os rosais; 
          O gozo do amor, sonhado 
          Num olhar profundo e ardente, 
          Tal é na hora presente 
          O horizonte do passado. 

          Ou ambição de grandeza 
          Que no espírito calou, 
          Desejo de amor sincero 
          Que o coração não gozou; 
          Ou um viver calmo e puro 
          À alma convalescente, 
          Tal é na hora presente 
          O horizonte do futuro. 

          No breve correr dos dias 


          Sob o azul do céu, — tais são 
          Limites no mar da vida: 
          Saudade ou aspiração; 
          Ao nosso espírito ardente, 
          Na avidez do bem sonhado, 
          Nunca o presente é passado, 
          Nunca o futuro é presente. 

          Que cismas, homem? – Perdido 
          No mar das recordações, 
          Escuto um eco sentido 
          Das passadas ilusões. 
          Que buscas, homem? – Procuro, 
          Através da imensidade, 
          Ler a doce realidade 
          Das ilusões do futuro. 
          
          Dois horizontes fecham nossa vida. 

Machado de Assis