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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (253)



A dissuasão nuclear regressou ao centro da política internacional, não como sombra do passado, mas como instrumento de cálculo estratégico num mundo onde o pragmatismo substituiu a ideologia.     (Jorge Silva Carvalho, DN)

A Guerra Fria era binária; hoje o sistema é multipolar e fragmentado. A Rússia continua central, mas já não é única. A China emerge como terceiro vértice efetivo, enquanto a Índia e o Paquistão mantêm equilíbrios instáveis. O Reino Unido e a França conservam alcance global, Israel preserva ambiguidade estratégica e a Coreia do Norte usa o nuclear como chantagem. O mundo multipolar é mais pragmático e transacional: França e Alemanha aproximam-se em defesa estratégica; a Arábia Saudita reforça laços com o Paquistão; a Índia coopera tecnologicamente com Israel. A dissuasão tornou-se moeda geopolítica. (...)

Neste quadro, a Ucrânia é ponto de fricção. A retórica russa sobre armas nucleares táticas abre espaço a respostas simétricas. Embora seja Estado não-nuclear, o seu conhecimento técnico e herança infraestrutural sugerem hipótese de reversão. Em cenário de ameaça existencial extrema, o tabuleiro pode inverter-se. Moscovo banalizou o nuclear e corroeu o seu valor simbólico. Quando a ameaça se torna quotidiana, a dissuasão perde eficácia. (...)

O nuclear regressou, mas já não é apenas medo: é engenharia, economia e poder industrial. A dissuasão do século XXI mede-se não só pela ogiva, mas pelo escudo que a pode travar. Quem dominar essa cúpula dourada definirá as novas regras do A dissuasão nuclear regressou ao centro da política internacional, não como sombra do passado, mas como instrumento de cálculo estratégico num mundo onde o pragmatismo substituiu a ideologia. mundo. 

Uma Meteorologia Dos Afetos

 

"Uma Meteorologia dos Afetos" é um texto de Rafael Trindade que explora a complexidade das emoções, comparando-as com o clima para sugerir que os sentimentos são influenciados por uma combinação de fatores internos e externos, como a memória pessoal e a experiência do momento presente. O autor argumenta que a forma como interpretamos a realidade é subjetiva, pois cada pessoa "observa" a cena com um passado diferente, moldando a atmosfera de seus sentimentos. [Este resumo foi gerado com a ajuda da IA)

O rio flui por quilómetros antes de encontrar o mar, o que ele carrega consigo, apenas as suas águas podem dizer. A realidade não mente, apenas não diz tudo de uma vez, há beleza e mistério nisso.

Uma meteorologia dos afetos permite que a mesma cena seja observada de várias perspectivas diferentes. O nosso passado sopra lembranças sobre as percepções atuais, criando atmosferas diferentes para cada um. O corpo se adapta à sutileza da atmosfera presente, mas não pode deixar seu passado para trás. O que fazemos é continuamente aprender a navegar com bom e com mau tempo. Quem sabe, com o acúmulo de experiência, num cenário similar, será possível tirar melhor proveito das circunstâncias. Isso mostra como o mundo que se dá e o corpo que se é passam por constantes ajustes, a sintonia é fina, mas nem sempre imediata. Onde está a tristeza daquele dia florido? Com certeza não se encontra na beleza do cenário atual, mas sim nos acontecimentos anteriores.   

(Trindade, Rafael."Uma Meteorologia dos Afetos")