quinta-feira, 10 de julho de 2025

A Exegese De Um Sentimento


Estão os pássaros laboriosamente construindo
em meio deste dia as paredes de uma tarde antiga
Começa-lhes no bico aquela alegria
onde eu corria de canto para canto
e andava dentro dela de janela em janela

Que me trouxe de novo até à minha casa?

Podem calar-se os pássaros inúteis

(Ruy Belo)

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (169)

Se querem encontrar uma teoria da conspiração comecem por aqui.A verdadeira questão é que são poucos os que apontam o dedo a quem permite que a lei permita este tipo de processos. Aos legisladores que não limitam o número de páginas num processo (o de Sócrates tem mais de 4000), ou não impõem tetos ao número de recursos e incidentes processuais. Estes legisladores não são outros senão os deputados eleitos. Muitos deles advogados. Muitos deles provenientes dos mesmos grandes escritórios que - já se viu antes - são consultores e assessores na formulação de leis mais tarde aprovadas na Assembleias. Os mesmos causídicos que são contratados por altas figuras porque têm o mapa da mina para todas as subtilezas da lei que assessoram.           (Nuno Vinha, DN)

As Pessoas Mais Felizes ...


As pessoas mais felizes não têm o melhor. 
Elas apenas fazem o melhor que podem com tudo o que têm.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (168)

As eleições autárquicas são uma oportunidade de descermos ao micro-cosmos do País. Que nos mostra contradições entre o discurso e a prática.   (Helena Garrido, OBSR)

Há várias décadas, poucos anos passados do 25 de Abril, víamos murais – em geral da iniciativa do PCP – que nos mostravam, em campanha eleitoral, o que o autarca tinha investido em matéria de infraestruturas de saneamento básico. Hoje a campanha faz-se a tapar buracos em estradas – nalguns casos sem sequer se darem ao trabalho de investirem num tapete novo de alcatrão – e com festas e festanças. 

Enquanto se gasta dinheiro em festas, a autarquia , em geral à volta de Lisboa, não tem uma boa recolha de lixo, as ruas estão sujas, as ervas são cortadas passados os prazos para os privados, as tais infraestruturas de saneamento estão obsoletas e os transportes públicos municipais funcionam com problemas. Isto para não citar a falta de programas de combate ao insucesso escolar e às diversas iliteracias ou ainda iniciativas eficientes de integração de imigrantes. E, claro, a deficiente prestação de serviços para quem quer construir, por exemplo, habitação

Os autarcas podiam dar um contributo determinante para uma hierarquia de valores que apostasse mais no conteúdo do que na forma, mas boa parte deles prefere ser um político que vai com a maré, sem visão nem objetivos de desenvolvimento económico, social e mesmo cultural.

Sobre As Mudanças ...

 
– “Só erra quem produz. Mas, só produz quem não tem medo de errar. 
As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injetado 
o veneno do medo. Do medo da mudança.” 

(Octavio Paz)

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (167)

Para além da demora na Justiça, para além das diligências dilatórias, para além do relato diário dos incidentes em estilo sensacionalista, nada preocupa o país quando um antigo Primeiro-Ministro eleito em democracia se senta no banco dos réus com uma acusação grave e pesada. Na pessoa de Sócrates senta-se no tribunal todo um regime e a ética da República. Não é Sócrates que está a ser julgado, mas a democracia na sua ascensão e queda.     (Carlos Marques de Almeida, ECO)

A antiga jóia do novo socialismo e da modernização de Portugal é hoje uma personagem trágica que é a face visível de uma democracia invisível. Sócrates exibe a impunidade dos homens providenciais, o carisma do excesso e da ambição, a fragilidade de uma história de encantar, em que acredita profundamente, e em que acredita que Portugal pode acreditar. (...)

Depois há o silêncio devastador do PS. O silêncio de uma reflexão que não foi feita em tempo útil e que não será feita na inutilidade do tempo presente. (...) Politicamente o PS não diz nada. (...)

O PS ao não dizer nada contribui para a teia de cumplicidades, interesses, ambições, expedientes, que degradam a democracia ao nível de um esquema exemplar que garante a obscuridade de uma transparência invisível. Falta coragem, falta moral, falta política no PS. A democracia exige o preço do escrutínio. A cumplicidade exige o preço da negação. O PS está em negação há dez anos. Portugal não é dado a reflexões, prefere a tranquilidade das repetições. (...)

A Justiça está obviamente sobre uma enorme pressão. Feito o julgamento na opinião pública com o réu condenado e sem recurso, se Sócrates é ilibado é o descrédito, se Sócrates é condenado é o descrédito.

A República enfrenta um dilema clássico – Sem Democracia não existe Justiça. Sem Justiça não existe Democracia. No Portugal contemporâneo, a Democracia está em conflito com a Justiça. Cansados e traídos pela fraqueza das instituições resta aos portugueses percorrer a grande via que é a Avenida da Liberdade.

Saudades Pagãs I


Visões! sonhos antigos! Quando a Terra,
Na inocência primeira de seus anos,
Entre flores dormia... e era seu berço
O seio de mil deuses! Quando a vida
No coração dos homens sem esforço,
Se abria como um lótus, todo cheio
Dos raios do luar e dos segredos
Do vaporoso espírito das noites!

Quando um tronco era peito comovido,
E a montanha um Áugur, e a rocha oráculo:
E não se achava um só bago de areia
Que não estremecesse e não sentisse
Agitar-se-lhe dentro a alma confusa
Quando os Orfeus passavam, silenciosos,
Por entre os arvoredos, meditando!

Saía então da Terra um grande espírito:
Havia em tudo uma expressão profunda:
Nem era muda a vastidão do mundo.
Como um canto que fere as cordas todas
Duma harpa sonora, uma mesma alma
Através do Universo ia acordando,
Em peito, árvore, pedra, e céu e onda,
As mil notas, diversas mas cadentes,
Duma mesma harmonia ‑ o hino da Vida!

Era a cidade ideal da Natureza!
Seu povo, a criação; seu templo, o espaço;
E muralhas em volta, circundando-a,
Dum lado ao outro os livres horizontes!
Era a cidade ideal! a Lei eterna
Banhava-a sempre numa aurora imensa,
Quando um povo de deuses, radiante
De mocidade e brilho, caminhava
Por entre as multidões ‑ e o solo heroico,
Teu solo sacrossanto, ó Grécia antiga,
Como um sublime palco, sob os passos
Dos atores divinos ressoava!

(Antero de Quental)

domingo, 6 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde


A Frase (166)

O caso do Processo Marquês representa uma tragédia para a democracia portuguesa, para o PS e para a própria Justiça. Tragédia pelas consequências para a economia, para a sociedade e para o futuro da democracia portuguesa, tragédia para o Partido Socialista, que ao longo dos anos tudo fez para não ver o óbvio, tragédia também para a Justiça portuguesa, que teve o seu ponto mais alto no caso do juiz Ivo Rosa  (Henrique Neto, OBSR)

Hoje o percurso político e pessoal de José Sócrates é conhecido, mas levei anos a alertar os portugueses e em primeiro lugar os socialistas, para muitas das estranhas actividades dos governos de José Sócrates, como nos casos da dispendiosa tentação de controlar toda a comunicação social que o criticasse. Que várias gerações de socialistas não tenham dado por nada, representa uma tragédia para o partido e para o País, ao ponto de António Costa, seguidor fiel do seu chefe no governo, ter criado mais tarde a ficção de que “à Justiça o que é da Justiça”. De facto, estão bem um para o outro.
(...)
Sobre o julgamento que agora se iniciou umas pequenas notas: (1) esperemos que a senhora juíza seja firme ao extremo, ao não deixar que o julgamento se transforme num ao trate apenas de José Sócrates e deixe de lado dos holofotes mediáticos algumas outras figuras sinistras. (...)

Que, por uma vez, a comunicação social e os seus comentadores de serviço atentem ao interesse do País de forma verdadeira e pedagógica. (...)

De alguma forma, o que aconteceu e que deu origem ao Processo Marquês, é o resultado do excesso de poder de um partido, no caso o PS, como do facto dos portugueses serem sistematicamente arredados de participarem no controlo das decisões dos governos

Notas: ao fim do primeiro dia de julgamento, a defesa de José Sócrates já demonstrou estar ali para destruir a justiça e a democracia e não deixar que isso continue é uma responsabilidade nacional.

Para Crescer, Apenas Observe Uma Árvore


Para crescer, apenas observe uma árvore. À medida que a árvore cresce, suas raízes se aprofundam.
Existe um equilíbrio: quanto mais alto a árvore cresce, mais profundamente suas raízes crescerão.
Você não pode ter uma árvore de 50 metros de altura com raízes pequenas;
elas não poderiam sustentar uma árvore tão imensa.
Na vida, crescer significa aprofundar-se dentro de si mesmo – é aí que suas raízes se encontram.
 
(Osho)

sábado, 5 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (165)

 Acredito, que um país antigo como o nosso merecia, no topo da pirâmide do Estado, em contrapeso com a restante arquitectura, uma instituição mais representativa da nossa identidade, mais agregadora, realmente independente das inevitáveis refregas entre os grupos de interesses e pertenças sectárias. A Pátria em figura humana. (João Távora, OBSR)

A cena repete-se a cada cinco anos, com mais ou menos despudor, mais ou menos confrangedora, o posicionamento dos putativos candidatos à disputa eleitoral para a corrida a Chefe de Estado de Portugal. Este ano a particularidade é a candidatura de um militar que concorre à margem dos partidos, numa clara aproximação à estética monárquica, suprapartidária. E entende-se bem porquê.A natureza humana é aquilo que é, e pouco haverá a fazer para a domesticar, sem ser com muita violência. Uma sociedade saudável é inevitavelmente conflituosa, competitiva, inquieta, combativa.

É neste âmbito que se compreende a estruturante eficácia dos partidos, que são instrumentos de conquista de poder, um dos mais letais instintos humanos. Por isso, quando vejo deputados no parlamento à beira do histerismo a esgrimir argumentos, a disparar palavras e frases bombásticas com os seus antagonistas no lugar de espadeiradas ou rajadas de metralhadora. (...)

Já não entendo é a necessidade que se proclama no espaço público de que o chefe máximo da nação participe e provenha desse teatro de guerra. Somos, como seres humanos, criaturas únicas e irrepetíveis, muito mais do que as nossas crenças e convicções. Por isso é que acredito, que um país antigo como o nosso merecia, no topo da pirâmide do Estado, em contrapeso com a restante arquitectura, uma instituição mais representativa da nossa identidade, mais agregadora, realmente independente das inevitáveis refregas entre os grupos de interesses e pertenças sectárias. A Pátria em figura humana.

E não me conformo que esta discussão não desponte no espaço público, viciado no degradante circo, na despudorada hipocrisia que consiste a disputa das putativas candidaturas a Presidente da República. Uma tristeza muito grande.

Viagem

É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...

(Miguel Torga)

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Momentos Chave Hoje No Parlamento (via OBSR)

Generalidades