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quarta-feira, 12 de junho de 2019
O Ardiloso Engenho Curricular Autonomia E Flexibilidade Escolar
O ardiloso engenho curricular Autonomia e Flexibilidade Escolar tornou a escola num processo kafkiano e numa Torre de Babel onde ninguém se entende. Ninguém se entende e poucos vislumbram a forma e o conteúdo da maioria das medidas e instrumentos de trabalho fabricados com a intenção de, alegadamente, promoverem melhores aprendizagens e avaliações mais rigorosas. Entre outras razões, porque essas medidas e instrumentos são opacos, absurdos e inexequíveis, nas escolas atuais e no sistema educativo vigente.- Luís Filipe Torgal, OBSR
A linguagem de cada agente da escola muda em função das suas responsabilidades. O Governo, os seus fiéis funcionários e os «pedagogos de gabinete» comprometidos com o Ministério da Educação ordenam o cumprimento das políticas educativas que engendraram, mas não sabem como as executar. Os inspetores escolares pressionam as escolas para cumprir o «eduquês» da tutela, mas ignoram como o concretizar. Os formadores encartados do Ministério da Educação foram formatados e são ressarcidos para doutrinar os professores no novo «evangelho» que aqueles também desconhecem como operacionalizar. Os diferentes professores não enxergam processos de realizar as diretrizes vertidas no novo aparato educativo legal. Os diretores escolares — há muito arredados da sala de aula –, comprimidos pela tutela, pelos inspetores e os professores, batem-se pelo cumprimento das normas legais vertidas na manhosa Autonomia e Flexibilidade Escolar, também eles sem saberem que caminhos ou vielas seguir para satisfazer os seus enigmáticos desígnios.
Assim vai a escola pública, transformada num patético laboratório de políticas educativas negligentes e incongruentes, onde os alunos e os professores assumem o papel de cobaias. Quais as consequências de toda esta fantasia? Descrédito do conhecimento, sucesso educativo fraudulento, reprodução de assimetrias sociais — circunstâncias que se vão tornando mais explícitas entre professores, alunos e encarregados de educação, embora sejam menos percecionadas ou então olimpicamente ignoradas pela opinião pública e a opinião publicada.
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Neblina ...
Estranho é caminhar na densa névoa:
Solitária está cada planta ou pedra,
Nenhum arbusto enxerga o seu vizinho,
Cada um está só.
Solitária está cada planta ou pedra,
Nenhum arbusto enxerga o seu vizinho,
Cada um está só.
Cheio de amigos era, para mim, o mundo
Quando luminosa ‘inda era minha vida;
Agora, que a névoa caiu,
Ninguém mais é visível.
Não é deveras um sábio
Quando luminosa ‘inda era minha vida;
Agora, que a névoa caiu,
Ninguém mais é visível.
Não é deveras um sábio
Quem não conhece a escuridão
Que, suavemente, nos separa
De tudo inexorável
Estranho é caminhar na densa névoa:
Que, suavemente, nos separa
De tudo inexorável
Estranho é caminhar na densa névoa:
Viver é estar solitário
Entre gente que se ignora.
Todos estamos sós!
Entre gente que se ignora.
Todos estamos sós!
Hermann Hesse
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