sábado, 11 de fevereiro de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (33)

 
É uma ilusão pensar que o Estado é, em Portugal, enorme, pesado e forte. Talvez seja enorme. Pesado é certamente. Forte é que não é seguramente. Alvo de predadores. Isco de caçadores. Pretexto de manobradores. E pedaço para gananciosos. Qualquer dos epítetos lhe serve. Forte é que não. Instrumento de poderosos. Volúpia de minorias. Burocracia de insaciáveis. Ferramenta dos mais fortes. Protecção dos estabelecidos. Tudo lhe serve. Forte é que não. Volúpia dos democratas. Lascívia dos autoritários. Sonho dos ditadores. E encanto dos Republicanos. Qualquer imagem lhe fica bem. Forte é que não. Cão de fila dos ricos. Esperança dos fracos. Paraíso dos racionalistas. Sonho dos fantasiosos. Também estes rótulos se lhe aplicam. Forte é que não. (António Barreto, Público)

Não tenhamos dúvidas: o governo, os sucessivos governos destruíram a força do Estado, decapitaram-no, amordaçaram-no, liquidaram a sua isenção e definharam a sua inteligência. Além de terem atrofiado, activa ou passivamente, a sua mais nobre função, a da administração da Justiça. (ler aqui texto completo)

Otimismo

 
Tenho admirado a resiliência cada vez mais.
Não a simples resistência de um travesseiro, cuja espuma
sempre volta ao mesmo formato, mas a sinuosa
tenacidade de uma árvore: ao encontrar a luz recém-bloqueada em um dos lados,
ela se volta para o outro. Uma inteligência cega, é verdade.
Mas de tal persistência surgiram tartarugas, rios,
mitocôndrias, figos — todo este resinoso e irrevogável planeta.

(Jane Hirshfield)