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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Enquanto Os Comboios Vão Para O Lixo A UE Continua A Vê-los Passar

A agência de notação financeira que cortou o "rating" da dívida pública portuguesa em quatro níveis, reduziu hoje a classificação de crédito da Comboios de Portugal.

Vicente Pereira explicou que já esperava a decisão porque o "rating" da dívida da CP acompanha o da dívida soberana. "Os investidores que têm títulos [de dívida da CP] em seu poder vêem as coisas mais negras", referiu o responsável da CP citado pela publicação de economia.

A descida do "rating" das empresas públicas, bancos portugueses e até empresas privadas, deverá sofrer com a redução da qualidade de crédito que a Moody’s atribui à dívida sobreana portuguesa.

As agências de notação financeira têm cometido muitos erros, mesmo na avaliação do nosso país. Todos sabíamos que as contas do anterior Governo não batiam certo, que estavam a gastar acima das possibilidades. Avisos foram muitos e as agências financeiras só muito mais tarde o sinalizaram. Ficámos com a credibilidade em risco. Agora que os três principais partidos estão empenhados em cumprir o plano que foi imposto, que só agora o novo governo entrou em funções vêm baixar o 'rating' deste modo sem verificarem o resultado das alterações, de um volte-face no equilíbrio das contas e da credibilidade do processo em curso?

Diferente, para já, é a posição da agência de 'rating' canadiana DBRS que, segundo o SOL, disse hoje ser «muito cedo» para concluir se o programa acordado entre Portugal e a 'troika' é adequado, e que apesar dos riscos, existe um consenso político alargado sobre a necessidade da consolidação orçamental.
A DBRS é uma das quatro agências, a par da Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s, cujas notas o Banco Central Europeu utiliza para avaliar a qualidade dos colaterais entregues pelos bancos nas suas operações de refinanciamento, mas que é pouco citada.

Depois de tudo o que está a acontecer por esta Europa fora, a UE continua a ver passar os comboios.

Perguntas Que Se Impõeem

Se se acha que as decisões das agências são inconvenientes e dificultam, desnecessária e desmesuradamente, os processos políticos (e financeiros) de ajustamento, porque é que as autoridades lhes dão a importância que dão e lhes permitem condicionar as suas próprias políticas", questiona Vitor Bento.

"Porque é que o Banco Central Europeu condiciona a sua política de financiamento à avaliação das agências de 'rating', em vez de usar a sua própria avaliação e/ou a das demais autoridades de supervisão? 

Porque é que, para o BCE, o 'rating' da dívida dos países membros do euro tem mais valor do que o juízo dos órgãos comunitários? 

Porque é que, para o Sistema Europeu de Bancos Centrais, o juízo das agências de 'rating' é mais importante do que o dos supervisores financeiros, a maioria dos quais integra directamente aquele Sistema", questiona o conselheiro de Estado.

Fonte: Lusa, via Expresso

A Crise Tantas Vezes Negada

A Crise tantas vezes negada está aqui bem expressa, assim como a (Des) União Europeia que nunca o foi na realidade.

A probabilidade de entrada em incumprimento da dívida portuguesa num horizonte de 5 anos atingiu hoje novo máximo, com o risco de default em 52,71%

O movimento de alta do risco de default é sincronizado em todos os seis países sob observação dos mercados - Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica. O risco da Grécia está, de novo perto de 83%, o risco da Irlanda galgou os 49%, o de Espanha subiu para 23,21% (e o nosso vizinho subiu para o 8º lugar no ranking dos 10 países com mais alto risco à escala mundial), o de Itália está em 17,58% (com o custo dos cds acima de 200 pontos base) e o da Bélgica subiu para 13,34%. (Expresso)

Neste momento só a união cá dentro nos pode salvar.

Esta É A Frase

«Estamos a assistir a um embuste vitorioso e a União Europeia não é uma potência, é uma impotência. Quatro anos depois da crise que estas agências validaram, a Europa foi incapaz de produzir uma recomendação, uma ameaça, uma validação aos conflitos de interesse, uma agência de "rating" europeia. Que fez a China? Criou uma agência. Que diz essa agência? Que a dívida portuguesa é A-. Que a dívida americana já não é AAA. Os chineses têm poder e coragem, a Europa deixou-se pendurar na Loja dos Trezentos... dos americanos.»

Pedro Rebelo,J.Negócios