terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

Onde Estamos Afinal ?

 A política que mata - Em pré-campanha eleitoral mostram-nos dois países. Um em que tudo corre bem, outro em que tudo corre mal. Onde estamos nós afinal?

Não se pode dizer, como várias vezes foi aqui escrito, que António Costa tenha sido um grande primeiro-ministro. Com o tempo perceberemos se não foi o responsável por quase uma década perdida. Preocupou-se mais em fazer política, do que políticas.  (...)

Conseguiu que boa parte das pessoas acreditasse que aquele caminho de “contas” ditas “certas” se fazia sem qualquer custo, criando até a ilusão que não nos pagavam apenas o almoço, mas que até nos davam dinheiro para almoçar de graça, distribuindo dinheiro por aqui e por ali. E alavancando tudo com um nível muito profissional de propaganda.

Quando teve pela frente decisões difíceis, foi atirando a responsabilidade, da sua incapacidade ou falta de vontade de decidir, ou para a pandemia ou para a guerra ou para cima dos outros partidos, primeiro para o PCP e o BE, depois para o PSD. Foi assim que não se decidiu o aeroporto ou que se deixou o projeto da alta velocidade arrastar-se até ficarmos sob ameaça de perder verbas europeias.    (Helena Garrido, OBSR)

A Frase (16)

Cada voto no Chega é o falhanço dos agora chamados “partidos tradicionais”. De todos, sem exceção. Quando os eleitores decidem votar no Chega, não é por uma questão de ideologia, de identificação com extremismos ou de saudades de outros tempos. Cada voto no Chega é antes de mais um voto de protesto, de rendição, de capitulação, de desencanto e de chamada de atenção.   (Pedro Cruz, DN)

Os partidos “tradicionais” foram deixando de fora um exército de gente que já não acredita em nada. E que procura quem lhe diz o que quer ouvir. Os sinais estavam todos lá. A cada eleição, subia o número de abstencionistas; as campanhas eleitorais – espero que esta seja diferente – serviam apenas para troca de acusações e o folclore das feiras e mercados; apesar de fraca, a sociedade tornou-se mais exigente, mais atenta, mais informada – por vezes, mal informada – e começou a exigir mais. Os partidos ficaram no século XX e não perceberam que o milénio mudou e que a sociedade já não é o que era.

Dá-me A Tua Mão ...


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

(Clarice Lispector)