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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Paulo Núncio Assume "Responsabilidade Política"


O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, assumiu a sua "responsabilidade política" pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para 'offshore', pedindo o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.

"Tendo em conta o tempo que decorreu entre os factos e o presente e tendo tido agora a oportunidade de revisitar os documentos que têm sido noticiados, nomeadamente os apresentados pelos serviços para publicação de informação estatística das transferências transfronteiriças, considero legitima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças. Assumo, por isso, a responsabilidade política pela não publicação das referidas estatísticas", sublinha Núncio, em texto enviado à agência Lusa.

E continua: "Querendo libertar o partido a que pertenço [CDS-PP] de quaisquer controvérsias ou polémicas nesta matéria, solicitei à presidente do partido que aceitasse a cessação das minhas funções nos órgãos nacionais".

Na noite de sexta-feira, o antigo director-geral do fisco, Azevedo Pereira, garantiu ter solicitado, por duas vezes, ao ex-secretário de Estado Paulo Núncio autorização para publicar dados relativos às transferências dinheiro para 'offshore', mas "em nenhum dos casos" esta lhe foi concedida.

Em causa estão transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD-CDS/PP, sem qualquer controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), como a lei obriga, e que levaram já os partidos com assento parlamentar a solicitar uma audição urgente do atual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Paulo Núncio, no texto endereçado à Lusa, lembra que a AT "tem, desde 2012, a possibilidade de liquidar todos os impostos devidos nestas situações no prazo alargado de 12 anos (anteriormente este prazo era de 4 anos)" e, "nestes termos, quaisquer impostos que sejam devidos nestas situações poderão ser cobrados pela AT até 2024, evitando-se assim o risco de perda da receita do Estado".

"Reafirmo o meu total desconhecimento, à data e até hoje, relativamente à noticiada discrepância entre os dados entregues pelas instituições financeiras e os dados processados pela AT. Tenho confiança, no entanto, que a inspeção não deixará de realizar todos os cruzamentos e procedimentos inspetivos necessários para o apuramento da verdade", diz também o antigo governante centrista.

A publicação estatística de dados no portal das Finanças, adverte ainda Núncio, "não interfere com a ação efetiva da inspeção tributária no

 Na nota com nove pontos enviada na sexta-feira às redações, o antigo diretor do Fisco Azevedo Pereira admitiu poderem ter existido "erros de perceção" na troca de informação com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo PSD-CDS, com vista à publicitação dos dados das transferências para as 'offshore'.

No entanto, considera que esses "erros de perceção" "nunca demoram quatro anos a resolver" e conclui que, se Paulo Núncio tivesse a intenção de os fazer publicar, teria tido oportunidade de o fazer ao longo dos quatro anos seguintes, até à sua saída do governo, em novembro de 2015.

Na justificação enviada aos jornais, Azevedo Pereira começa por esclarecer que, "em tempo", a AT propôs ao secretário de Estado a publicitação dos dados das transferências para paraísos fiscais.

"Tal proposta de publicação foi solicitada por duas vezes (na prática, como veremos, três vezes), através do envio de processos contendo, no primeiro caso, a informação relativa 2010 (reportada pelas instituições financeiras em meados de 2011) e, no segundo, a informação relativa a 2011 (reportada pelas instituições financeiras em meados de 2012)", afiança.

Fonte: Lusa, via RTP

Ninguém Leva A Mal ...

Aqui há dias, o presidente da Assembleia da República deu uma entrevista à RTP. Em tom suave, sonolento, pachorrento, Ferro Rodrigues lá deixou umas odes ao governo e à alternativa de esquerda, esquecendo-se do lugar que ocupa e da imparcialidade que devia cultivar.

Esta semana, foi a vez do primeiro-ministro entrar em cena: 10 mil milhões fugiram daqui sem controlo, apesar de terem sido comunicados ao Fisco? O caso, que ainda não está esclarecido (as operações não foram investigadas? houve mesmo evasão fiscal?), permitiu a Costa acusar o anterior governo das maiores tropelias: Passos, pelos vistos, fecha os olhos à grande criminalidade financeira – mas é implacável na cobrança de portagens.

No meio deste espectáculo, parece que Assunção vai pedir algum ‘afecto’ a Marcelo, o que provocou uma crise de ciúmes em Eduardo.
Na política portuguesa, o Carnaval chegou mais cedo. E com máscaras.

João Pereira Coutinho,CM

Contas Feitas ...

Contas feitas fica a impressão esquisita de que se chegou a um ponto sem retorno, de que já se está por tudo, e de que nada – incluindo recorrer a truques infantis para ocultar a pândega da “Caixa”, enviar o evangélico Louçã para o Banco de Portugal, depositar em juiz amigo o futuro do eng. Sócrates ou prometer 700 euros mensais a “jovens” (até aos 30 anos, que a juventude é um estado de espírito) que não estudam e não trabalham – é demasiado grotesco. Enquanto isso, sempre que não se encontra na televisão a louvar os respectivos donos, o país oficioso dedica-se a declarar intoleráveis o sr. Trump e o livro de Cavaco Silva.

Nem todos os regimes caem mediante revoluções abruptas. Às vezes terminam assim, com o sumiço gradual e festivo do que restava da legitimidade e da razão. Um dia acorda-se e a democracia que bem ou mal reconhecíamos foi-se, para surpresa de muitos e deleite de alguns. A merecida desilusão dos primeiros não nos compensará pela impunidade dos segundos. Entretanto é Carnaval, mas ninguém nota a diferença.

Alberto Gonçalves, OBSR  

Sobre O Bom Senso

O bom senso não exige um juízo muito profundo; parece antes consistir em só perceber os objectos na proporção exacta que eles têm com a nossa natrueza ou com a nossa condição. O bom senso não consiste então em pensar sobre as coisas com excesso de sagacidade, mas em concebê-las de maneira útil, em tomá-las no bom sentido. (...)
O bom senso forma-se a partir de um gosto natural pela justeza e pelo mediano; é uma qualidade do carácter, mais do que do espírito. Para ter muito bom senso, é preciso ser feito de maneira que a razão predomine sobre o sentimento, a experiência sobre o raciocínio.

Luc de Clapiers Vauvenargues