Este pequeno resumo, sendo verdadeiro, pode saber a pouco. Necessita de fundamentação e de detalhe. Pode até parecer preconceituoso e provocar, com certeza, reações de todos os lados. (...)
Então o que falta?
Falta sobretudo suficiente vontade de mudar e ambição, por aversão ao risco. Há alguma vontade de ser melhor e de mudar, mas falta confiança suficiente numa liderança que saiba mudar para melhor.
Para pior, já basta assim, pensa a maioria.
Começando pela economia, existe um défice de qualidade no seu funcionamento em Portugal.
Basta ver a produtividade dos portugueses e o seu rendimento per capita, em comparação com a média europeia ocidental, espaço a que pertencemos e com quem temos de nos comparar. O salário médio, os índices de competitividade e todos os indicadores comparativos nos alertam para isso. Estamos na cauda da Europa Ocidental, após dezenas de anos a receber milhares de milhões de euros a fundo perdido.
Mesmo a nível mundial (Ranking de Competitividade Mundial do IMD, Institute for Management Development), estamos abaixo do meio da tabela, apesar de especificamente em 2024, Portugal ter subido três posições. Está agora na 36ª posição em 67 países analisados.
A melhor posição que já foi alcançada, 33º, foi em 2018.
Isto se não quisermos evocar o que não é comparável e referir o passado.
O que mudar decorre diretamente destes rankings comparativos. É fácil de perceber e tem de ser feito. Começando por mudar a política fiscal, as práticas de gestão e o mercado de trabalho.
O sistema económico-laboral pode e deve mudar.
Mas a questão subsiste pois não sabemos como mudar, quando virão essas reformas e, principalmente, quem será o protagonista dessas mudanças e reformas?
Entre o socialismo, suas derivações e a social-democracia, Portugal não sai da prisão de um Estatismo omnipresente, pesado e ineficaz, caro e ineficiente, que não se quer reformar. Sobretudo inconsistente e errático nas suas políticas e regras.
A pesada sensação de que, como indivíduos, não temos poder para mudar as coisas, destrói a confiança. A questão essencial da Liberdade sempre posta em causa por essa excessiva interferência do Estado na esfera pessoal, excessiva dependência de outros e falta de autonomia ou de oportunidades.
O crescimento das redes sociais criou um excesso de informação, tanto em velocidade como em diversidade, o que torna a sua interpretação difícil ou impossível, resultando numa valorização do encaminhamento de mensagens, como forma de participação, em vez do empenho em criar ou trabalhar informação. Há divulgação em demasia, sem filtro suficiente.A liberdade de expressão levada ao extremo, afasta as pessoas mais do que as aproxima,
Será que o ensino primário e secundário não poderia ajudar os mais jovens a valorizar o respeito pelo próximo e a disciplina pelo bem comum, em vez do atual foco nas liberdades individuais?
Há uma preocupação excessiva, ou pessimismo, derivada da negatividade das “notícias” veiculadas?
Estou convencido que a solução passa por um novo sistema eleitoral com enfoque em trazer as melhores pessoas para a política, a nível local e a nível nacional.
É preciso dizer que há otimismo, porque temos uma verdadeira pérola que é o melhor país do mundo para viver, apesar de não termos o melhor país para trabalhar e criar riqueza.
É preciso dizer que há otimismo, porque sabemos que reformas temos de fazer para melhorar.
Apesar de tardarem os ajustes necessários ao melhor funcionamento da nossa Democracia, da nossa economia e da nossa vida em comum, é necessário manter a esperança de que a nossa sociedade se possa tornar (ainda) mais rica e forte.
Vamos a isso Portugal.
(Estes são alguns tópicos do importante texto de Gustavo M. Guimarães, ler aqui na íntegra
DN)