domingo, 25 de maio de 2025

A Frase (131)

A tese da irrevisiblidade não é inédita nem disparatada, mas não é incontornável. Tratando-se efetivamente do decreto da Assembleia Constituinte que há meio século aprovou a versão originária da Constituição, ele não seria suscetível de revisão enquanto tal. Mas, sob pena de estéril fetichismo político, nada obsta a que o texto possa ser reformulado, deixando a sua função originária e passando a ser uma apresentação da história da Constituição e dos seus atuais traços essenciais.    

 «Nota explicativa:O Preâmbulo deixa de ser o decreto da Assembleia Constituinte de 1976, autonomizando-se como evocação da origem da Constituição e como introdução ao texto constitucional vigente. Quanto ao conteúdo, retira-se a referência ao “socialismo”, claramente tornada caduca pelas sucessivas reformas do texto constitucional.»

Penso que, nesta nova versão (de que não cobro direitos de autor...), o preâmbulo da CRP só perde um incómodo "galho seco", que os seus adversários agitam como espantalho, enquanto ganha consistência e autoridade política.     

(Vital Moreira, Causa Nossa)

Este Resumo, Verdadeiro , Pode Saber A Pouco ...

 

Este pequeno resumo, sendo verdadeiro, pode saber a pouco. Necessita de fundamentação e de detalhe. Pode até parecer preconceituoso e provocar, com certeza, reações de todos os lados. (...) Então o que falta?

Falta sobretudo suficiente vontade de mudar e ambição, por aversão ao risco. Há alguma vontade de ser melhor e de mudar, mas falta confiança suficiente numa liderança que saiba mudar para melhor.

Para pior, já basta assim, pensa a maioria.

Começando pela economia, existe um défice de qualidade no seu funcionamento em Portugal.

Basta ver a produtividade dos portugueses e o seu rendimento per capita, em comparação com a média europeia ocidental, espaço a que pertencemos e com quem temos de nos comparar. O salário médio, os índices de competitividade e todos os indicadores comparativos nos alertam para isso. Estamos na cauda da Europa Ocidental, após dezenas de anos a receber milhares de milhões de euros a fundo perdido.

Mesmo a nível mundial (Ranking de Competitividade Mundial do IMD, Institute for Management Development), estamos abaixo do meio da tabela, apesar de especificamente em 2024, Portugal ter subido três posições. Está agora na 36ª posição em 67 países analisados.

A melhor posição que já foi alcançada, 33º, foi em 2018.

Isto se não quisermos evocar o que não é comparável e referir o passado.

O que mudar decorre diretamente destes rankings comparativos. É fácil de perceber e tem de ser feito. Começando por mudar a política fiscal, as práticas de gestão e o mercado de trabalho.

O sistema económico-laboral pode e deve mudar.

Mas a questão subsiste pois não sabemos como mudar, quando virão essas reformas e, principalmente, quem será o protagonista dessas mudanças e reformas?

Entre o socialismo, suas derivações e a social-democracia, Portugal não sai da prisão de um Estatismo omnipresente, pesado e ineficaz, caro e ineficiente, que não se quer reformar. Sobretudo inconsistente e errático nas suas políticas e regras.

A pesada sensação de que, como indivíduos, não temos poder para mudar as coisas, destrói a confiança. A questão essencial da Liberdade sempre posta em causa por essa excessiva interferência do Estado na esfera pessoal, excessiva dependência de outros e falta de autonomia ou de oportunidades.

O crescimento das redes sociais criou um excesso de informação, tanto em velocidade como em diversidade, o que torna a sua interpretação difícil ou impossível, resultando numa valorização do encaminhamento de mensagens, como forma de participação, em vez do empenho em criar ou trabalhar informação. Há divulgação em demasia, sem filtro suficiente.A liberdade de expressão levada ao extremo, afasta as pessoas mais do que as aproxima, 

Será que o ensino primário e secundário não poderia ajudar os mais jovens a valorizar o respeito pelo próximo e a disciplina pelo bem comum, em vez do atual foco nas liberdades individuais? 

Há uma preocupação excessiva, ou pessimismo, derivada da negatividade das “notícias” veiculadas?

Estou convencido que a solução passa por um novo sistema eleitoral com enfoque em trazer as melhores pessoas para a política, a nível local e a nível nacional.

É preciso dizer que há otimismo, porque temos uma verdadeira pérola que é o melhor país do mundo para viver, apesar de não termos o melhor país para trabalhar e criar riqueza.

É preciso dizer que há otimismo, porque sabemos que reformas temos de fazer para melhorar.

Apesar de tardarem os ajustes necessários ao melhor funcionamento da nossa Democracia, da nossa economia e da nossa vida em comum, é necessário manter a esperança de que a nossa sociedade se possa tornar (ainda) mais rica e forte.

Vamos a isso Portugal.

(Estes são alguns tópicos do importante texto de Gustavo M. Guimarães, ler aqui na íntegra  DN)

Saiba Como Vai Este País

 Um país à beira de um ataque de nervos - É mais fácil acreditar que Bem e Mal nascem connosco; essa crença demite-nos do nosso papel social, da nossa humanidade, do diálogo com filhos, pais, vizinhos, colegas, amigos e até inimigos.

Então, acham que isto ainda é um país ou já é só um pedaço de terra onde um monte de pessoas quer atirar-se às goelas de outro monte de pessoas? Bom, sobre o transe coletivo da noite de 18 de maio. Porque é que lhe chamo transe? Porque, sinceramente, o transtorno de tristeza ou de alegria pelos resultados eleitorais pareceu alterar o estado de consciência de muita gente. E neste momento é mesmo preciso que a consciência não nos falte.

Uma pequena adenda sobre tudo isto — as redes sociais estão a matar-nos, tanto politicamente como humanamente. A rede social é uma terra de ninguém, onde não há leis (se as há, eu não vejo nenhumas). Ali, há difamação, crime de injúria e ameaças de morte todos os dias e adivinhem, fica tudo na mesma. (...) Pois é, o mundo agora é isto, como é que queriam que fosse diferente na política? Fazemos publicidade a produtos de gaming e de maquilhagem como nunca fizemos na vida a livros. Há mais influencers em cada esquina do que juízo. Passou-se dos limites.

Portanto, temos mais ou menos um terço do país a sentir que está num tal clima de tragédia que é como se estivessem a ver bombas a cair ao lado deles, temos outro terço do país a rir-se dos democratas que agora não gostam dos líderes que a democracia elegeu… Sinto que estou num carro desgovernado, e em chamas, a ver os meus concidadãos enlouquecer de raiva uns pelos outros.

O ódio gratuito é uma forma de medida do quanto uma sociedade está doente e eu já ouvi e continuo a ouvir coisas inenarráveis e desumanas por parte de apoiantes do Chega, mas o que é que se está a passar com as pessoas de todos os outros quadrantes políticos quando decidiram achar normal responder na mesma moeda? Agora está na moda desejar a morte de alguém? Está na moda dizer que há votos que deviam ir para o lixo? Quando as pessoas começam a interiorizar dentro de si que são superiores aos outros temos o caldo entornado — quando acreditam que existem mesmo votos que não contam para nada, vidas execráveis que mais-valia não existirem, votantes que deveriam ser mandados para o asilo. (Escertos do texto de Leonor Gaião, OBSR)

Amar-te É Isto ...

Amar-te é isto:
uma palavra que está por dizer
uma árvore sem folhas
que dá sombra

(Juan Gelman)