quarta-feira, 29 de maio de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (124)

Arrancou a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. Infelizmente, parece centrada nas questões que em particular preocupam o eleitorado de cada um dos 27 Estados-Membros da União Europeia, e, designadamente, sobre questões relacionadas com a soberania nacional, dificultando, ou mesmo deturpando, uma reflexão séria sobre a União, a sua importância, o seu futuro e o papel que o Parlamento Europeu nela desempenha. (Rui Mayar, JEconómico)

Actualmente, o Parlamento Europeu tem poderes de supervisão e controlo democrático sobre todas as instituições da União, incluindo a Comissão, podendo levar à sua demissão, e partilha com o Conselho Europeu o poder legislativo e de aprovação do Orçamento.

A eleição do Parlamento Europeu é determinante para o futuro do projecto europeu, para a solução da contradição entre as tenções europeístas e nacionalistas com que a União se defronta – numa palavra, para resolver as dúvidas sobre o futuro da Política Externa e de Defesa Comum.

Nesta eleição seria mais interessante que os temas de campanha fossem centrados nas preocupações com que a União se defronta. Porque, em última análise, significa discutir a manutenção da Paz.

Pergunta-me


Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

(Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho')