domingo, 4 de fevereiro de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

Para Pensar !

O que está a correr mal? E porquê? Num país que ainda há pouco tempo gozava de estabilidade, cooperação institucional, algum crescimento económico, contas certas e paz social, de repente, tudo se estragou. Nas ruas, ouvem-se ruídos e rumores de manifestação. Nos serviços públicos, há espera e ineficiência. Na justiça, há atraso. Na política, há corrupção. Na sociedade, há desigualdade. No espaço público, há descontentamento. Que se passa? São as elites? Será o povo? É a crise mundial? Será a guerra?  (António Barreto, Jacarandá)

Uma boa conspiração poupa a inteligência e dispensa o estudo dos factos e das causas. A conspiração da situação actual é, para muitos, simples e clara. O Presidente quis liquidar o governo socialista. O governo e o seu partido pretenderam liquidar o Presidente. Maçonaria e católicos entraram na dança. Os barões do PSD zangaram-se mais uma vez. Os minoritários moderados do PS querem já macular os primeiros passos dos novos dirigentes. Procuradores e juízes digladiam-se, mas, em conjunto, atiram-se aos políticos. Os 31 crimes de Sócrates passaram a 6 e são agora 22, o que nos permite avaliar o rigor e a validade das acusações. (...)

Ao lado das causas profundas, há evidentemente as causas imediatas. E estas residem em grande parte na deficiente gestão do serviço público, das instituições e dos grandes serviços. (...)

Três dissoluções de parlamentos e assembleias legislativas. Três governos demitidos. Prisão ou acusação de vários políticos de elevada importância. Milhares de polícias na rua a manifestar. Órgãos de soberania à bulha.

Onde estão as causas? Chuva não é certamente. É gente, com certeza.

Saiba Para Onde Caminha Este País

A Comissão Técnica Independente quer criar a ficção da defesa do interesse público contra os interesses privados, mas acaba a apoiar o aeroporto mais caro de todos, com maior dano ambiental e o mais demorado para entrar em funcionamento. 

A estratégia tem, como cereja no topo do bolo, este paradoxo: quando chegamos ao momento de encaixar o comboio rápido em Alcochete, vemos que há que desviar a alta velocidade do Porto-Lisboa do seu traçado previsto para, através de uma nova ponte no Carregado, levá-lo pelo lado nascente do Tejo até ao aeroporto em Canha (bem longe do Alcochete-outlet), para depois o comboio voltar para Lisboa por mais uma ponte nova (Chelas-Barreiro), somando quase mais 100 quilómetros de puro passeio para se chegar ou sair da capital rumo ao Norte e Centro do país. 

É obra - e muitos milhões para alguém faturar em obras públicas. Aliás, num país que anda a comemorar a redução da dívida pública e os sacrifícios de uma década pós-troika, esta hipótese só pode fazer parte de um processo de alucinação coletiva.   (Continuar a ler)

(Manuel Deusdado, DN)

A Frase (27)

O  regresso de uma velha ideia - A Europa talvez tenha de regressar à velha ideia de uma União de Defesa. A guerra regressou às suas fronteiras. O mundo está a regressar à lógica da força.  (Teresa de Sousa, Público)

Um interessante estudo do Centre for European Reform, um think-tank com sede em Londres, sobre o estado da defesa europeia consegue dar-nos um retrato amplo e convincente sobre as (poucas) forças e as (muitas) fraquezas de uma realidade que passou a estar no topo das preocupações dos governos europeus desde a invasão russa da Ucrânia, a 24 de Fevereiro de 2022. Da autoria de Luigi Scazzieri, parte de uma pergunta simples: “Can European Defence Take Off?”

Naquele Tempo Eramos Donos ...


Naquele tempo éramos donos
das palavras,
não pagávamos tributo ao dicionário.

Naquele tempo fazíamos dos actos
factos,
ignorávamos os agiotas da decência.

Éramos dragões vomitando fogo,
lava,
origem,
trigo e
irreverência.

Éramos libertinos, libertários,
vagabundos
sentados nas sarjetas da
inocência.

Naquele tempo éramos donos
naquele tempo éramos
naquele tempo...

(Emanuel Jorge Botelho)