terça-feira, 10 de outubro de 2023

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (218)

É do silêncio que se sustenta o status quo. É esse mesmo silêncio que serve como combustível para as manobras que surgem dia após dia diante dos nossos olhos.     (Rui Malheiro, OBSR)

Uma panaceia de conformismo, estagnação e conservadorismo que permite que a mediocridade vingue em Portugal, assim é o silêncio dos inocentes por cá. Quando nos questionamos: Como chegamos a este ponto? Um olhar por cima do ombro deveria ser suficiente. Sempre fomos um país em que a classe política tende sistematicamente em incorrer nos mesmos erros, tal como afastar pessoas de elevado potencial em detrimento de jogadas de bastidores, unanimismos bacocos e spins de alto gabarito, qual roleta de Monte Carlo.

Se a classe política portuguesa é considerada de baixo valor, é porque pactuamos com a sua incompetência e negligência. Faltando ao escrutínio da mesma, remetemo-nos para o silêncio, para o conforto da falta de confronto, deixamo-nos adormecer no silêncio dos inocentes.

Um Sorriso


Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moutas. A umidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.

A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse mágoa ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.
- Foi então que senti sorrir o meu desgosto…

Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos…
Depois o céu… e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos…

A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada…

(Manuel Bandeira)