Pesquisar neste blogue

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Notícias Soltas ...

O Que Os Políticos Europeus Não Dizem Aos Eleitores

O que os políticos europeus não dizem aos seus eleitores é que a integração europeia tem sido o seu grande recurso para adiarem reformas, aliviarem ajustamentos, disfarçarem erros. Sem os juros baratos do Euro, muitos Estados nunca teriam conseguido financiar, através da dívida, o que já não conseguem pagar com a actividade económica. Sem as compras de dívida pelo BCE, já teriam sido confrontados pela repugnância dos investidores e aforradores. A Europa tem prolongado o modo de vida de um país como a Itália, com uma economia parada há quinze anos e uma dívida pública equivalente a 130% do PIB.

A Europa tem permitido à maioria de governo, num Portugal igualmente estagnado e endividado, devolver rendimentos e repor regalias. Mas perguntem-lhes qual é o problema? Dirão logo: o Euro e o BCE. Na Europa, talvez os novos populismos sejam um problema, mas não são um problema tão grande como a demagogia das elites instaladas, que ao mesmo tempo usam a integração europeia e a expõem a todas as culpas.

(Excertos do artigo de Rui Ramos,hoje no OBSR)

Soberanos Mas Escravos

Os homens que estão em altos lugares são escravos de três modos: escravos do soberano ou do Estado; escravos da reputação; e escravos dos negócios.

Não gozam de liberdade, nem nas suas pessoas, nem nas suas acções, nem no seu tempo. Estranho desejo é o de ganhar o poder e perder a liberdade, ou de buscar o poder sobre os outros para perder o poder sobre si-próprio. A ascensão às altas funções é laboriosa; através de canseiras chega o homem a maiores canseiras; a ascensão é por vezes humilhante, e por meio de indignidades é que o homem chega às dignidades. Manter-se à altura é difícil, e a descida é uma queda vertical; ou pelo menos um eclipse, coisa melancólica.

Além disso, os homens não se podem retirar quando querem; nem querem quando seria razoável; não se compadecem com a aposentação por idade ou por doença, quando necessitam estar à sombra. (...)

Certamente, as altas personalidades necessitam de pedir aos outros homens opiniões que as façam felizes; porque a julgarem-se pelos próprios sentimentos jamais conseguirão a felicidade; mas se considerarem à parte o que os outros homens pensam a respeito delas, e que os outros homens desejariam ser o que elas são, nesse momento sentem-se indirectamente felizes, mediante a fama, se bem que no íntimo talvez pensem o contrário.

Francis Bacon