quinta-feira, 29 de maio de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (135)

O prestígio de uma nacionalidade pode ser deduzido a partir da qualidade do seu jornalismo. Insisto no declínio dos canais televisivos. Ver o país associado à reputação deles dá vontade de chorar. É condição necessária que, em democracia, e até para que se possa chamar “democracia”, exista uma imprensa livre. Portugal não tem, neste capítulo, grandes lições a dar ao mundo. A imprensa passou a incluir, com força redobrada, a televisão.  (Margarida Bentes Penedes, OBSR)

É condição necessária que, em democracia, e até para que se possa chamar “democracia”, exista uma imprensa livre. Portugal não tem, neste capítulo, grandes lições a dar ao mundo. A imprensa passou a incluir, com força redobrada, a televisão.

O que temos é uma imprensa dependente do Estado. Se pensarmos nos grandes jornais do regime e, sobretudo, nos canais televisivos de informação, o panorama é de promiscuidade pública e notória. 

Todos os canais televisivos vivem da troca de gentilezas e boas-vontades com os decisores políticos do momento, ou com aqueles que os directores de informação acreditam que vão continuar a mandar. É o caminho aberto para uma opinião sincronizada em vez de livre; e para um alheamento malsão da realidade, como aliás se comprovou na maneira como foram cobertas e comentadas as eleições legislativas de 18 de Maio. A natureza da imprensa em Portugal, exceptuando alguns jornais e nenhuma televisão, não garante um bom serviço à democracia.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, atribuído a 3 de Maio, mereceu um Voto de Saudação apresentado pelo PS à Assembleia Municipal de Lisboa. Só lhefaltava ter sido escrito em papel azul de vinte e cinco linhas, se o PS fazia questão de provar o seu atraso de vida. Em seis parágrafos, dois foram gastos a descrever e objurgar a censura do Estado Novo. E dos dois pontos votáveis da parte deliberativa, um destinava-se a felicitar o anti-fascismo. Tornou-se um partido oficialmente anacrónico. Sobre o tempo em que vivemos, o PS não tem nada a dizer.

Por outro lado, a quezília dos media contra as chamadas “redes sociais” mostra três deturpações preocupantes.

 Põem-se em pé de igualdade e consideram-se rivais uns dos outros. 

Segunda. Não confiam em que o público reconhece no jornalismo uma credibilidade especial. Os próprios media deixaram de confiar em que os consumidores vêm nos jornais e televisões oficiais uma espécie de selo de garantia. Eles próprios, os jornalistas, reconhecem essa falta de confiança. Impressiona a maneira como aceitam a sua humilhante reputação com toda a naturalidade.

As pessoas precisam demasiadas vezes de recorrer à internet para verificar a desinformação que os órgãos informativos formais, reputados como jornalísticos, transmitem. O caudal de “factos” errados, deturpados, insuficientes, instrumentalizados ao serviço do pensamento oficial do regime, apresentados como a verdade revelada e cujo contraditório é tomado por “fascista” tornou-se a nossa vida habitual.

O Silêncio ...


Muitas coisas melhor se diz calado, pois o silêncio não tem fisionomia,
mas as palavras sim têm muitas faces.

(Machado de Assis)