quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

António Costa Optou Por Se Apagar Na Europa Para Evitar O Desmoronamento

O Governo Está A Cair Aos Bocados

 Não admira que António Costa tenha chamado Santos Silva para assumir parte das responsabilidades que caberiam ao primeiro-ministro enquanto presidente da União Europeia, neste semestre. Desde logo, a decisão não prestigia e mostra uma óbvia incapacidade para a função, por muito que Costa queira explicar a necessidade pelas excecionais circunstâncias resultantes da pandemia. Canta bem, mas não embala. Na realidade, António Costa tomou esta decisão para evitar o evidente desmoronamento do Governo. Vários ministros estão metidos em trapalhadas que deveriam ser suficientes para os remover se fôssemos um país normal.

Santos Silva é um político experiente e matreiro que gosta de bater na direita. Cabe-lhe a função de primeiro suplente na representação de Portugal, numa presidência que tem cerca de 250 grupos de trabalho e muitas cimeiras pela frente. Costa só aparecerá nos momentos essenciais, com muitas televisões e fotografias. É a opção pelo panache e de acudir à dramática situação interna. É, porém, duvidoso que sirva para recompor um Governo a cair aos bocados e que pode afundar o país. Mas, tal como no Titanic, a orquestra continua a tocar. Como se vê pelas gloriosas sondagens, o mais curioso disto tudo é que o PS vai de vento em popa, enquanto o salva-vidas de Rui Rio não consegue fazer-se ao mar.

Entre mimos, palhaçadas e altercações, os debates presidenciais cumprem o ritual da democracia, como tem de ser. No entanto, sempre que se chega à altura de renovação do mandato presidencial, fica a dúvida se não seria melhor um mandato único de sete anos. Poupava-se um desfile de vaidades e de oportunistas sem sentido. Por outro lado, isso fazia com que o Presidente eleito não ficasse condicionado e pudesse ser ele próprio. Na prática, entre nós, os mandatos serão sempre duplos, ou seja, dez anos. É tempo a mais.

(Excertos do texto de Eduardo Oliveira e Silva no Ji)

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