A pandemia não suspende a Constituição. A pandemia não suspende a política. O Governo arranca os cabelos de indignação porque o Presidente da República promulgou três leis com as quais o Executivo discorda. O mesmo Governo que esteve em minoria absoluta no voto do Parlamento. O mesmo Executivo que só foi poder porque se formou uma “coligação negativa” para derrubar um Governo minoritário de Direita. Neste caso, a coligação é patriótica e progressista e demonstra o funcionamento de uma Democracia Avançada no limiar do Século XXI. A estratosférica hipocrisia do primeiro-ministro revela apenas que nada suspende o jogo político nem nada suspende a busca ilimitada pela acumulação de Poder
Observem ainda os portugueses o comportamento histérico do PCP. Votou contra todas as revisões constitucionais, tratou sempre a Constituição como se esta fosse uma emanação de um Tratado de Marx, superior, definitivo, divino, iluminado. Devia odiar esta Constituição, mas não, é o maior defensor da Lei Fundamental com a feroz fidelidade que ilude o vácuo assustador deixado pelo espectro do Comunismo. Que Deus os acuda.
Quando toda a gente pensa no Presidente Constitucionalista, surge no horizonte do mandato o Presidente Político. Existe na educação política do Presidente uma componente que ultrapassa regimes e partidos, uma educação política em que o catolicismo social é o compasso moral da acção política. Esta a razão pela qual o Presidente da República observa o País Real em contraponto com a conformidade conformista do País Legal. No País Real estão os portugueses atingidos pela nova economia da pandemia, no País Legal está o conforto da rotina em tempos normais. Um político de bem não deixa portugueses para trás. Um político ambicioso e voraz de uma maioria absoluta sacrifica tudo em nome do poder. Com políticos deste calibre, os portugueses perdem a confiança num País que os continua a burlar. (ler aqui texto completo)
(Carlos Marques de Almeida, ECO)
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