Há um ano o debate entre os dois pretendentes a Primeiro-Ministro teve lugar num teatro habituado ao vaudeville da revista à portuguesa. Em redor, uma guarda de honra clandestina de polícias manifestava-se pelo direito ao “subsídio de risco”. Desta vez o debate ocorre na sequência das celebrações do 25 de Abril e dos confrontos no Rossio entre neo-fascistas e neo-democratas.
Os imigrantes, alvo da manifestação proibida, não passaram de meros espectadores neste conflito local entre forças que se odeiam. Afinal o ódio é mais democrático do que se pode pensar – odeiam-se os nossos tal como se odeiam os outros. O debate para Primeiro-Ministro tem um prólogo com o líder do PS na Avenida da Liberdade e o Governo confortável à janela.
Mas a liberdade de quem? A liberdade de quem é imigrante ou a liberdade de quem nunca foi imigrante? Para os neo-fascistas a visita ao Rossio no dia dos cravos tem o aspecto de uma incursão a um território nacional ocupado. Na mentalidade destes grupos o país está transformado numa “colónia”, o país é alvo de uma conspiração internacional para concretizar a “grande substituição” – a ocupação da Europa por uma nova população migrante com a mudança completa dos hábitos e dos costumes e a edificação de uma Nova Europa. (...)
Discursar com os punhos ou argumentar com agressões é comum a todas as forças da direita radical por que essa é a sua forma de fazer política – intimidar, destruir, dominar.

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