Os israelitas não enfrentam apenas um inimigo. De um lado, há grupos terroristas que defendem abertamente a destruição de Israel e que devem, sim, ser combatidos. Mas do outro, há um primeiro-ministro que se tornou um risco interno. Um líder que isola diplomaticamente o país, sabota a possibilidade de resgatar reféns, mina a coesão nacional e expõe os seus soldados. Tudo para prolongar uma guerra que já não se justifica. Netanyahu transformou uma resposta legítima ao terror numa máquina de destruição descontrolada, que alimenta o extremismo, fomenta o antissemitismo e desgasta a imagem de Israel no mundo. Hoje, o país que ele diz defender está mais vulnerável, mais dividido e mais desacreditado. E isso não é culpa do Hamas. É o resultado direto de quem governa como se o cargo fosse um escudo pessoal.
O Reino Unido, a França e o Canadá emitiram uma nota conjunta classificando a ofensiva israelita como desproporcionada e inaceitável, num tom que reflecte isolamento diplomático e ameaça de sanções. Parte desta mudança de postura europeia deve-se a um despertar de consciência, ainda que tardio, mas também ao receio de que continuar a ignorar as ações de Netanyahu destrua de vez a credibilidade do sistema de direito internacional, o mesmo sistema que exige que Vladimir Putin preste contas pela sua agressão ilegal e imoral contra a Ucrânia.
Donald Trump, até então em silêncio, também passou a pressionar Netanyahu, não por empatia ou princípios, mas porque precisa de manter boas relações com os países do Golfo para avançar com acordos estratégicos e sabe que as imagens de crianças famintas em Gaza dificultam esse jogo.

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