Passados 50 anos, o paralogismo continua evidente: um partido antissistema não pode querer fazer parte do sistema. Os eleitores do Chega, como então os do PCP, são contra o Governo, qualquer que ele seja. Nunca aceitarão ver o seu partido apoiar uma solução alheia de poder.
Prova evidente disto é o desastre sofrido pelos comunistas quando, 40 anos depois das primeiras eleições, e 10 depois da morte de Cunhal, finalmente se realizou a tal “maioria de Esquerda”, no governo da chamada “geringonça”.
O que isto significa é que, para a governação concreta do país, os deputados do Chega, tal como os da Extrema-Esquerda, são realmente irrelevantes. É muito desagradável que mais de 30% do parlamento apenas manifeste contestação; mas, por isso mesmo, irão ocupar a legislaturas com protestos retóricos e números mediáticos, para fingir a relevância que realmente nunca terão. Porque no dia em que a tiverem, perdem a única razão dos votos que receberam.
Foi assim em metade dos nossos governos constitucionais, vigorando em 40% do tempo desta democracia.
Claro que isso impedirá as famosas “reformas estruturais”; mas essas não existem há décadas, e também estiveram ausentes durante vários dos governos maioritários. Seria importante realizá-las, mas os bloqueios que as impedem são muito mais profundos que a composição parlamentar.
Vale a pena lembrar que, apesar de todos os problemas, e são muitos e graves, somos um país rico, com uma economia a crescer e uma dívida pública em redução. Afinal, felizmente, a maior parte daquilo que realmente interessa depende, não do Governo e do Parlamento, que se perdem em embates, insultos, sonhos e ilusões, mas da sociedade e da economia, que todos os dias lidam com a realidade.
(excertos do texto de João César das Neves, OBSR)
O puro “voto de protesto”, de quem não gosta do que está e não se interessa em propor alternativas, sobe naturalmente em períodos de crise e transformação, como o atual. Esta atitude eminentemente negativa, por muito irresponsável.
Foi assim em metade dos nossos governos constitucionais, vigorando em 40% do tempo desta democracia.
Claro que isso impedirá as famosas “reformas estruturais”; mas essas não existem há décadas, e também estiveram ausentes durante vários dos governos maioritários. Seria importante realizá-las, mas os bloqueios que as impedem são muito mais profundos que a composição parlamentar.
Vale a pena lembrar que, apesar de todos os problemas, e são muitos e graves, somos um país rico, com uma economia a crescer e uma dívida pública em redução. Afinal, felizmente, a maior parte daquilo que realmente interessa depende, não do Governo e do Parlamento, que se perdem em embates, insultos, sonhos e ilusões, mas da sociedade e da economia, que todos os dias lidam com a realidade.
(excertos do texto de João César das Neves, OBSR)

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