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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Esta É A Frase (270)

Comum à esquerda e à direita é o efeito da pulverização e da polarização. Se o Presidente é um símbolo de união, estas presidenciais são a representação última da profunda divisão da República.    (Carlos Marques de Almeida, ECO)

A multiplicação dos candidatos tanto pode ser interpretada como desespero democrático, delírio democrático, nostalgia democrática. (...)Neste ponto, as elites do Regime, feitas e formadas no Regime, demitem-se da sua obrigação e responsabilidade em função de uma alternativa privada em que o conforto, uma posição social estável e uma compensação financeira superior à média é o destino natural de todas as elites. Esta interpretação das responsabilidades públicas representa a instrumentalização das carreiras políticas em função do sucesso das carreiras privadas. (...)

O que estas Presidenciais nos oferecem é a política como nota-de-rodapé à história de um Regime que por incúria, cobardia, comodismo, recusa a responsabilidade de um momento perigoso. Os candidatos naturais ausentes acabam por se refugiar num silêncio dourado elaborado na periferia da vida social, um discurso político escondido nas margens do que pensamos que sabemos. O que sabem os mais ilustres filhos da República sobre o estado da Regime?

Longe da luz artificial do universo mediático, o discurso alternativo destas presidenciais representa o eco do tempo e da história de um país dividido entre a “nação de cima” e a “nação de baixo”. E a imaginação política produz imagens que ardem durante séculos e que se apagam depois subitamente e sem o prelúdio de um aviso prévio. Os 45 pré-candidatos são o lado esquecido de um país insolente, de um país irreverente, de uma nação impertinente, de uma nação impenitente, mas sempre a revelação de uma conjunção absurda entre a realidade de um país subversivo e a prática de um país obediente.(...)

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