terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Os 'Marcelos' E Direita Nenhuma

Há o Marcelo jornalista e comentador, o Marcelo amigo do governo, o Marcelo constituciomalista, o Marcelo crítico dos maus passos. Há o Marcelo dos afectos e das selfies que é o guarda-chuva deles todos. E há o Marcelo do discurso estruturado que adverte contra os «radicalismos». Os quais, se calhar, são precisos.

Há o Marcelo institucional, amigo da distensão, do «regular funcionamento», e do governo.

Há, é verdade e ainda, o Marcelo que se enreda e tropeça nos fios da própria meada, como no caso da substituição da Procuradora-Geral

E há o Marcelo das selfies e dos afectos, o Marcelo que abraça e beija, mergulha nos oceanos e nos rios, e se embrenha no bosque para arrancar com vigor eucaliptos.

Os discursos oficiais de Marcelo são isso: mudar para não termos que mudar demasiado. E foi uma pena que comentadores e jornalistas não os tenham lido como um corpo.

No PSD ou não está ou não se vê. No CDS, é conforme os dias. E mesmo estando num deles ou em ambos, dá-se ainda o caso de que insistiriam em que continuasse dispersa. Quanto à Aliança parece-me demasiado velha – mas é preconceito meu, certamente. E da Iniciativa Liberal recordo apenas que havia entre os fundadores um socialista – mas é ignorância minha, sem dúvida
Nesta mistura de omissões, intermitência e tonterias só há uma entidade com um ideário e um discurso político público e estruturado: o Presidente da República, Marcelo, o conservador, o propugnador do que está, o defensor do sistema.
( Excertos do artigo de José Mendonça da Cruz, hoje no OBSR)

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