A política, as ideias políticas, são a grande ausência destes confrontos artificiais onde se confrontaram interesses naturais. A política em Portugal continua a ser o confronto de interesses disfarçado de reflexão ideológica.
Alguns candidatos desconhecem os problemas da meia-idade política porque acabaram de chegar ao Regime em movimento democrático acelerado. Alguns candidatos conhecem as crises da meia-idade política porque as suas carreiras políticas terminaram sem brilho ou distinção e procuram agora uma segunda vida política. Alguns outros candidatos vêm de fora da política e pensam que a política é apenas uma extensão emocional do estatuto de cidadão patriota e bom português. Todos os candidatos se apresentam impulsionados pelo sobressalto cívico e pelo mérito que promove a justiça perfeita e a sociedade bem ordenada ao serviço de todos os portugueses.
Depois dos debates presidenciais fica o país mais pobre. Depois dos debates presidenciais fica o país mais rico. O país fica mais pobre porque as personalidades dos candidatos brilham com a placidez soturna da banalidade. O país fica mais rico porque passa a conhecer melhor a banalidade do mérito democrático nos cargos da República. – A ideia de que as Presidenciais são o momento fundador de um novo ciclo político. O novo ciclo político está entre nós e é bem visível através do confronto entre a fidelidade à democracia de Abril e a definição de uma “nova democracia” para a incerteza do novo século.

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