[Imagem: Marcelo Mori] |
Muito além de um simples depósito de energia, hoje já se sabe, por exemplo, que a gordura corporal tem neurónios que comunicam com o cérebro e a gordura marrom é um órgão endócrino que controla o metabolismo. .
Agora, uma equipe internacional, com participação de investigadores brasileiros, descobriu que o tecido adiposo marrom segrega pequenas moléculas de RNA que caem na circulação sanguínea e regulam, em tecidos distantes como o fígado e a expressão de genes importantes para o metabolismo.
No caso de pessoas idosas, a produção desses microRNAs no tecido adiposo tende a diminuir com o envelhecimento, um fenómeno que, segundo os autores do estudo, parece estar associado ao desenvolvimento de doenças comuns em idosos, como diabetes. A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de intervenções capazes de reverter o processo.
"De facto, intervenções nessa via podem ser bastante promissoras no tratamento de doenças associadas ao envelhecimento e fazer com que as pessoas vivam por mais tempo e de forma mais saudável," afirmou Marcelo Mori, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Da gordura ao fígado
Embora não contenham informações para a tradução de proteínas, os microRNAs, pequenos pedacinhos de RNA, desempenham uma função de regulação importante , sendo capazes de se ligar a moléculas de RNA mensageiro, podendo, por exemplo, inibir o processo de tradução de uma proteína.
O processo documentado pela equipe envolve uma enzima chamada DICER, pertencente à família das nucleases, que é capaz de cortar a molécula de RNA em pedaços menores, originando os microRNAs.
As experiências mostraram que esses microRNAs liberados pelo tecido adiposo na circulação de facto interferem na expressão génica de outros tecidos, um processo mediado pela proteína FGF21 - um factor de crescimento que controla várias funções metabólicas, entre elas a sinalização por insulina, captação de glicose, metabolismo lipídico e ingestão alimentar. Essa proteína é expressa principalmente no fígado.
O estudo foi publicado na revista Nature.
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