Parte do crescimento atual tem origem no turismo, um setor caracterizado por grande elasticidade da procura. Claro que a promoção digital realizada pelos organismos do turismo tem consequências positivas, mas se o receptor não estiver aberto a receber a mensagem de pouco servirá o investimento. Por sorte, Portugal beneficia de um momento de “good will” sem igual na história do turismo nacional. Os fatores positivos podem mudar a qualquer momento. Veja-se o colapso repentino de vários mercados turísticos tidos como estáveis e tradicionais.
Por todas estas razões devo confessar que temo que só pode ser pelo chamado “social default“, também chamado depreciativamente “espírito de rebanho”, que muitos portugueses estão a endividar-se com créditos à habitação com o objetivo de arrendar as casas hipotecadas ao banco no mercado do alojamento local. Não só poderá haver já excesso de oferta (haverá?), como qualquer inesperada externalidade negativa pode levar esses projetos à ruína.
Os estudos “Social Defaults: Observed Choices Become Choice Defaults” (2014) no Journal of Consumer Research, concluíram que quando as pessoas não têm uma opinião forte sobre as escolhas que se lhes deparam, simplesmente imitam as pessoas à sua volta. Em vez de despenderem tempo a fazer perguntas, ou a aprender sobre produtos, as pessoas socorrem-se do “social default”, entram docilmente no rebanho. Participantes naqueles estudos escolheram produtos de qualidade inferior apenas porque os outros os tinham escolhido.
Nuno Cintra Torres, JN
Nuno Cintra Torres, JN
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