Sabe-se que um período prolongado de secas extremas contribuiu decisivamente para que a lendária e ainda muito misteriosa civilização maia se desintegrasse completamente há cerca de um milénio. Mas um grupo internacional de cientistas deu agora um importante passo para aprofundar esse conhecimento, ao conseguir pela primeira vez quantificar a dimensão dessas secas devastadoras.
No estudo que publicam nesta quinta-feira na revista Science, os autores mostram que durante aquele curto período de 200 anos houve fases de quebras anuais entre 41% e 54%, que chegaram a défices de 70% no pico da crise da seca, enquanto o teor da humidade no ar chegou a ter valores inferiores entre 2% e 7% em relação ao clima atual. A seca extrema e prolongada acabou por ditar o abandono da região pelas populações, a que se seguiu o declínio e a falência das estruturas sociais que sustentavam o modo de vida da civilização maia.
"O papel das alterações climáticas no colapso da civilização maia tem sido de alguma forma controverso, em parte porque os estudos anteriores só tinham permitido reconstruções qualitativas do clima da época", explica Nick Evans, investigador da universidade britânica de Cambridge e o principal autor da investigação. "O nosso estudo representa um avanço substancial, porque pela primeira vez conseguimos fazer estimativas robustas da precipitação e dos níveis de humidade [atmosférica] durante esse período", sublinha.
O estudo acaba por demonstrar também como as alterações climáticas, produzindo um impacto profundo no equilíbrio das estruturas e das atividades de uma sociedade, podem contribuir para o seu fim.
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