As pessoas estão muito mais unidas em suas crenças e valores do que as reportagens da mídia sobre polarização costumam sugerir.
O que parece ser o tom padrão do discurso atual - na mídia tradicional, nas mídias sociais e nas conversas em geral - tende a superestimar grosseiramente a diferença entre os grupos, ajudando a criar uma narrativa divisiva de "nós e eles".
Essa narrativa tem sido perpetuada por muitos comentaristas e formadores de opinião, e usada por certos políticos para semear divisões.
Esta é a conclusão de um estudo com dados de mais de 60 países e 140.000 pessoas. Os psicólogos da Universidade de Bath (Reino Unido) analisaram as crenças e atitudes morais das pessoas, incluindo os valores em relação à igualdade.
Para decifrar tantos dados, os pesquisadores desenvolveram uma nova abordagem para analisar a homogeneidade ou a dessemelhança no interior de grupos, e então aplicaram esse método a diferentes grupos de pessoas, definidos por nacionalidade, religião, idade, sexo, renda e nível de educação.
Os dados revelam que as pessoas tendem a superestimar as diferenças entre os grupos. Ao mesmo tempo, porém, cada entrevistado tipicamente destaca as semelhanças mais comuns, o que faz com que suas atitudes se tornem maioritariamente positivas, em vez da negatividade largamente apregoada pela mídea.
Buscar as semelhanças
Os resultados mostram que as atitudes e valores em questões que variam desde criminalidade e segurança até crenças morais estão notavelmente afinados - por exemplo, em média, 95% das respostas dadas por mulheres foram espelhadas por homens e 80% das respostas de indivíduos de uma nação foram espelhados por indivíduos de outro país.
Paul Hanel e seus colegas esperam que suas descobertas venham tranquilizar o público que teme uma sociedade cada vez mais dividida e polarizada, e esperam que as descobertas pavimentem o caminho para que académicos, cientistas e comentaristas da mídia repensem como falam sobre a coesão social.
"Os nossos resultados sugerem que grupos de pessoas são muito mais semelhantes do que as pessoas - incluindo os pesquisadores - frequentemente acreditam. Isso porque, enquanto outros buscam as diferenças, nós nos concentramos explicitamente nas semelhanças - é aqui que se mostra que há muitas mais coisas que nos unem do que nos dividem.
"Há uma mensagem importante para os políticos, colegas académicos e comentaristas da mídia. Quando falamos sobre a realidade, sobre as percepções ou preconceitos das pessoas, e destacamos as semelhanças que vemos, também reforçamos a coesão social," disse Paul Hanel.
Os resultados do estudo foram publicados no Journal of Personality and Social Psychology.
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