domingo, 31 de março de 2019

Partidos Burgueses E Aparentados


Todos aceitam os laços familiares, desde que sejam os seus. Todos condenam os vínculos de parentesco, desde que sejam os dos outros. É um pouco como futebol. O principal critério da legalidade e da moralidade é a cor da camisola. Na política, é o nome do partido.

A democracia portuguesa vive mal com as famílias. Herdou as cunhas do antigamente, os empenhos, o favor, uma mãozinha, o jeito e o empurrãozinho… Com a democracia, estes hábitos foram modernizados e, por acréscimo, reorganizados, isto é, passaram a ter uma componente partidária essencial. Com a crença, por muitos cultivada, de que “quem ganha as eleições, tem direito a nomeações”! Há mesmo quem chame a isso “ética republicana”!

O executivo de António Costa representa talvez o mais denso caso de cruzamentos familiares no Governo e nos órgãos de soberania. Que se saiba, o primeiro-ministro não cometeu, para realizar tal façanha, nenhuma ilegalidade. Mas tem de ouvir o que se pensa dele e desse facto. Não pode por isso considerar que lhe querem mal. Como não pode simplesmente dizer que os outros fizeram pior!

(excertos do artigo de António Barreto, Público)

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