«As palavras-chave são ideia, estratégia, plano. Os partidos têm de mostrar energia, criatividade, pragmatismo, determinação e disponibilidade de cooperação. Ir além das propostas de curto prazo.» (Nuno Cintra Torres, JE)
O Financial Times ( FT) diz que Portugal precisa de:
>Estratégia económica;
>Descer a dívida pública para os 100%;
>Continuar com prudência fiscal, sem austeridade punitiva
>Mais reforma da administração pública;
>Aprofundar a estabilidade do sistema bancário.
Quanto à substância, nada de novo. Estes tópicos poderiam ser os temas principais da campanha eleitoral do PS, PSD ou CDS. Mas o que basicamente vamos ouvir são promessas imediatistas para eventualmente cumprir.
O elemento diferenciador daquele artigo reside no facto de ter sido escrito por:
a) um jornal estrangeiro,
b) um jornal com o gabarito do FT e, mais ainda,
c) pelo Editorial Board daquele influente jornal.
O estardalhaço do artigo só revela que o provincianismo continua de boa saúde em Portugal. É ainda precisa uma voz do além para ser ouvida aqui.
O mesmo fenómeno de desprezo pela opinião qualificada portuguesa se verificou quanto à atratividade de Portugal – cidades, vilas, aldeias, paisagens, monumentos, mar, gastronomia, arquitetura, estilo de vida e, acima de tudo, do melhor ativo português, as pessoas – só foram notados pelos portugueses em geral quando os estrangeiros começaram a dizer maravilhas deste “segredo” europeu, e depois começaram a comprar e a estabelecer-se. Esse momento ocorreu nos últimos anos e foi só então que os que cá nasceram começaram a perceber a preciosidade que é este país.
O momento é propício e o contexto obriga os portugueses, em particular os políticos, a abraçar um projeto comum e maior – Portugal, no sentido de comunidade dos portugueses – e a dedicar-se a tornar Portugal great again. Nesse processo seria útil darem ouvidos aos conselhos e avisos dos sábios portugueses, tão sábios ou mais que os jornalistas do FT.
Para que isso seja possível há uma ideia chave e congregadora de mentalidades e esforços que tem de ser adquirida: o “inimigo” não são os outros portugueses; são os nossos adversários científicos, industriais e comerciais de todo o mundo.
As campanhas eleitorais são o momento para os partidos revelarem que têm uma ideia a oferecer aos portugueses, sustentada numa estratégia bem pensada e consubstanciada num plano com propostas concretas.
As palavras-chave são ideia, estratégia, plano. Os partidos têm de mostrar energia, criatividade, pragmatismo, determinação e disponibilidade de cooperação. Devem fazer um esforço e para ir além das propostas de curto prazo, que muitas vezes apenas servem objetivos imediatos com vista à eleição ou reeleição. A coisa tem de ser mais profunda, sustentada no tempo e tanto quanto possível à prova da volatilidade global, cada vez mais intensa. Análises regulares PESTEL e SWOT de Portugal são indispensáveis para se conhecer o terreno que se pisa.
As propostas devem apresentar à discussão dos portugueses uma visão de longo e médio prazos para Portugal no contexto global – cada vez mais fluido e imprevisível. Devem ter como objetivo procurar garantir a viabilidade do país a longo prazo, combater a baixa taxa natalidade, promover ativamente a procriação, construir redes de apoio eficazes às famílias e aos cada vez mais numerosos mães e pais solteiros. Para além da resolução dos eternos problemas do dia a dia como, por exemplo, garantir educação e casa para toda a gente, SNS de qualidade, apagar fogos florestais, segurança nas ruas, proteção do mar português ou projeção do património cultural.(continuar a ler)
Quando os portugueses se sentirem orgulhosos de Portugal para além dos sucessos desportivos e da paisagem, ou seja, quando os portugueses se sentirem orgulhosos e confiantes de si mesmos, Portugal será great again. Partidos, sociedade civil, cidadãos, essa é a vossa missão.
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