O movimento, que tem implicações para toda a navegação, já acontece há mais de cem anos e a velocidade era de 55 km/ano. Agora os cientistas preveem que se desloque a cerca de 38km/ano. Mas ainda não têm uma explicação exata para o fenómeno.
Já se sabia que o polo norte magnético, o ponto no topo norte do globo terrestre para o qual apontam sempre as bússolas, estava em deslocação rápida do Ártico do Canadá para a Sibéria da Rússia, sem que os cientistas conseguissem explicar exatamente porquê. Agora, com o novo Modelo Magnético Mundial 2020 - o mais recente era de 2015 - as previsões apontam para que o movimento se mantenha, mas a uma velocidade mais reduzida. Um novo estudo revela também que as reversões da campo magnético demoram mais tempo do que se imaginava: a última terá levado 22 mil anos a concretizar-se.
O polo norte magnético - diferente do polo geográfico - está em movimento em direção à Rússia desde 1883 com o ritmo acelerado dos últimos anos, a uma velocidade de cerca de 55 km por ano, a preocupar os cientistas e a forçar a atualização do Modelo Magnético Mundial um ano antes do previsto. Assim, o Modelo Magnético Mundial 2020, divulgado este mês, prevê que o polo continuará o seu caminho para a Sibéria, mas agora a velocidade de cerca de 38 km/ano. Desde a sua descoberta em 1831, o polo percorreu 2300 km.
Mesmo conhecendo que a deslocação está relacionada com os movimentos que ocorrem no núcleo de ferro líquido que existe no interior do planeta, os geólogos não têm uma explicação exata de como é que o fenómeno ocorre. Sabe-se que o campo magnético inverte a polaridade a cada centenas de milhares de anos, com o polo norte magnético a alternar entre os dois polos geográficos. A última reversão ocorreu há 770.000 anos.
Num estudo recentemente publicado, investigadores norte-americanos descobriram que a última reversão de campo levou 22.000 anos a ser concluída, muito mais do que o esperado. Embora alguns acreditassem que as reversões pudessem acontecer ao longo de uma vida humana, estas descobertas contrariam essa teoria.
Os cientistas foram capazes de estudar a reversão através da análise de sedimentos oceânicos, núcleos de gelo antártico e fluxos de lava. Os detalhes dessas amostras revelaram como o campo magnético da Terra enfraqueceu, mudou parcialmente, estabilizou e reverteu ao longo de um milhão de anos.
"As reversões são geradas nas partes mais profundas do interior, mas os efeitos manifestam-se por toda a Terra e, especialmente, na superfície e na atmosfera", disse Brad Singer, autor do estudo e geólogo da Universidade de Wisconsin-Madison. "A menos que haja um registo completo, preciso e de alta resolução de como ocorre realmente a inversão de campo na superfície da Terra, é difícil discutir qual é a mecânica capaz de gerar uma reversão."
O campo magnético do planeta é criado por uma interação entre o núcleo externo de ferro líquido e o interno sólido. Quando ocorre uma reversão, o campo magnético enfraquece. E tem implicações que não são exclusivamente científicas.
Na prática, este movimento do polo magnético e a sua determinação exata têm implicações para toda a navegação, da aviação aos transportes marítimos, ou à simples busca de uma localização com um smartphone, uma vez que para achar uma determinada direção é preciso fazer a compensação da declinação magnética - aquele movimento simples de ajustar o Norte com a agulha da bússola.
Fonte: DN´
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