O Banco de Compensações Internacionais (BIS) alertou para a necessidade de os bancos centrais “mais proactivos” em preconizar esforços maiores para mitigar as consequências do aquecimento global e das alterações climáticas. “As catástrofes climáticas são mais sérias do que a maioria das crises financeiras sistémicas: podem ameaçar a humanidade”, frisou a instituição no livro “Cisne Verde: Bancos Centrais e Estabilidade Financeira na Era das Alterações Climáticas”, do Banco de Compensações Internacionais”, que foi hoje publicado.
As alterações climáticas estão a entrar cada vez mais na forma de operar dos agentes de mercado da economia global. Um pouco por todo o mundo, empresas de diversos setores anunciam alterações aos modelos de negócio tendo em conta preocupações de sustentabilidade.
Na semana passada, a Blackrock, a maior gestora de ativos a nível mundial, anunciou que iria colocar a sustentabilidade no centro das decisões de investimento. A Microsoft revelou recentemente que pretende alcançar a neutralidade carbónica em 2030 e a Repsol disse que vai tornar-se numa empresa de ‘emissões zero’ em 2050.
Ainda que as preocupações ambientais tenham entrado na agenda dos ‘boards’ das grandes empresas, a verdade é que “as emissões de CO2 continuaram a aumentar desde o Acordo de Paris e nada indica que esta tendência esteja a inverter”, assinalou o livro “Cisne Verde: Bancos Centrais e Estabilidade Financeira na Era das Alterações Climáticas”, do Banco de Compensações Internacionais (na sigla inglesa, BIS) e que foi esta segunda-feira publicado (o título original em inglês: The Green Swan: central banking and financial stability in the age of climate change).
O BIS, citando diversos estudos académicos, indicou que as temperaturas do planeta vão aquecer entre 4.1ºC e 4.8ºC em 2100, no cenário ‘business as usual’ – isto é, se os Estados signatários do Acordo de Paris não tomarem medidas para limitar o aquecimento do planeta abaixo de 2ºC
As consequências serão “catastróficas” e “irreversíveis” para o Homem. Por exemplo, o degelo dos glaciares, causado pelo aumento da temperatura da Terra, poderá aumentar o nível do mar em dois metros, o que “poderá desalojar 200 milhões de pessoas em 2100”. “Ainda mais alarmante, períodos passados na história da Terra indicam que a subida da temperatura entre 1.5ºC e 2ªC podem causar o degelo na Gronelândia e na Antártica e provocar o aumento do nível do mar em mais de seis metros”, lê-se no livro.
“A alterações climáticas não são apenas um risco do futuro: já começaram a transformar a vida na Terra, embora os piores impactos ainda estão para vir”, salientou o BIS. “Evitar os piores impactos das alterações climáticas implica um massivo desafio para humanidade. O planeta emite cerca de 40 gigatoneladas de CO2 por ano e está a caminho de duplicar até 2050, altura em que deveríamos reduzi-las para quase zero, de forma a respeitar o Acordo de Paris”, reforçou a instituição.
O impacto das alterações climáticas no mundo financeiro (continuar a ler)
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