Um investigador português participou na descoberta que promete revolucionar o que se sabe sobre a atmosfera de Vénus.
Um fenómeno na atmosfera de Vénus, como um “rasgão” de 7.500 quilómetros de comprimento, passou despercebido durante mais de 35 anos, apesar de todas as missões, estudos e observações que já se fizeram no planeta. Agora, os investigadores não têm dúvidas: depois de voltarem atrás no tempo e analisarem milhares de imagens confirmaram que a descontinuidade nas nuvens mais baixas é um fenómeno recorrente e se mantém durante semanas. Os resultados foram publicados na revista científica Geophysical Research Letters em maio e anunciados esta quarta-feira pela agências espaciais norte-americana (NASA) e japonesa (JAXA) e pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
“É de tal maneira inesperado que ainda não é possível explicar como se forma e se mantém, mas irá revolucionar a modelização atmosférica nos próximos tempos”, diz ao Observador Pedro Machado, investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Esta descontinuidade é como uma parede, que cruza a linha do equador, e que se estende em altura dos 47,5 aos 56,5 quilómetros de altitude. Mas é uma parede móvel, ao estilo das paredes armadilhadas dos filmes do Indiana Jones, que dá a volta ao planeta a cada cinco dias, a uma velocidade de 328 quilómetros por hora — mais rápido do que os próprios ventos da superfície de Vénus (que demoram cerca de seis dias).
“Se isto acontecesse na Terra, seria como uma superfície frontal, mas à escala planetária, o que é algo inacreditável”, diz Pedro Machado, que participou no projeto e se tem dedicado a estudar as atmosferas dos planetas do sistema solar. Na Terra, as superfícies frontais estabelecem uma fronteira entre o ar quente e húmido e o ar mais frio e seco. Mas uma disrupção desta dimensão nunca tinha sido observada noutro planeta.
Fonte:OBSR
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