O derrotismo ocidental tem a sua raiz, não no cepticismo, mas na ilusão. É o reflexo de um mundo que já não existe. O Ocidente já não produz a maior parte da riqueza mundial. A democracia e a economia de mercado já não são o fim da história. Na Ucrânia e em Israel, não está apenas em causa a existência de Estados que potências locais se recusam a reconhecer. Está em causa a ordem mundial, que ditaduras como a de Putin e do Ayatollah pretendem refazer à sua imagem. Não é só Zelensky que deve estar preocupado. (Rui Ramos, OBSR)
O ar sombrio de Zelensky tem razão de ser. Dois anos depois, reacenderam-se por todo o Ocidente as dúvidas que em 2022, nas primeiras horas da invasão russa, terão levado Joe Biden, esse especialista em retiradas catastróficas, a propor a fuga a Zelensky.
Sim, há dificuldades e nem tudo corre bem. Mas numa guerra, por maior que seja a vantagem, há sempre dificuldades e nem tudo corre sempre bem. É por isso que a firmeza dos líderes, a resiliência dos combatentes e a convicção das sociedades importam. Mas aqui não é apenas de dificuldades que se trata. É de outra coisa: uma inclinação para acreditar que qualquer esforço militar ocidental está condenado ao fracasso, é ilegítimo e se revelará inútil. É isso que vemos em relação à Ucrânia e a Israel. (...)
Todas as guerras parecem, aos ocidentais, destinadas a ser outro Vietname: o Ocidente, moralmente comprometido, acabará por desistir. É como se houvesse no Ocidente uma tendência para compensar a assimetria militar, que lhe é favorável, com uma assimetria moral, que joga a favor dos seus adversários, por mais hediondos que sejam. (...)
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