Um estudo feito com ex-guerrilheiros está a ajudar a ciência a compreender melhor as regiões do cérebro envolvidas no processo de alfabetização. O trabalho, feito por pesquisadores da Colômbia, Espanha e Reino Unido, revela como a estrutura do cérebro altera-se após a aprendizagem da leitura.
A linguagem é uma capacidade unicamente humana. Mesmo sem ser ensinadas ou na ausência de adultos para tomar como base, crianças desenvolvem sistemas linguísticos sofisticados. Mas a leitura é uma habilidade que se aprende e que não se desenvolve sem ensino e prática.
Os autores analisaram imagens feitas por ressonância magnética do cérebro de 20 ex-guerrilheiros que completaram um programa de alfabetização em espanhol. As imagens foram comparadas com as de 22 outros ex-guerrilheiros que não haviam iniciado o programa.
Os resultados revelaram as áreas do cérebro envolvidas no processo de alfabetização. Os autores analisaram também como essas regiões estão conectadas em adultos que aprenderam a ler normalmente, durante a infância.
Os pesquisadores observaram que para quem aprendeu a ler, tanto como adulto como quando criança, a densidade de massa cinzenta (onde ocorre o "processamento" cerebral) é maior em diversas áreas do hemisfério esquerdo do cérebro.
Essas áreas são responsáveis pelo reconhecimento das formas das letras e por traduzir as mesmas em sons e em significados. Ler também aumenta a intensidade das conexões de massa branca (constituída pelas fibras que interligam os neurónios) entre diferentes regiões no cérebro
Segundo os cientistas, os resultados do estudo deverão ter importantes implicações na investigação das causas de problemas como a dislexia. Estudos com indivíduos disléxicos apontaram áreas de redução nas massas branca e cinzenta em regiões que cresceram após a alfabetização.
O novo estudo sugere que algumas das diferenças verificadas em casos de dislexia podem ser consequência - e não causa - de problemas de leitura-
Diário da Saúde
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