Os problemas começam quando nos deparamos com as inconstâncias do mundo. Relações voláteis, ídolos incertos, amigos distantes, mestres ausentes. Em um mundo onde tudo pode, encontramos a ética do nada conseguirmos. De um lado, estamos entregues a um relativismo molenga, onde a vontade não se expressa afirmativamente. De outro, estamos rendidos às alegrias passivas, rígidas, frígidas, que mais parecem tristezas ativas. Falta-nos a solidez de uma ética rigorosa, mas principalmente a doçura dos prazeres perenes.
Se antes estávamos presos a rótulos, títulos, ideias, convenções, então podemos dizer que agora estamos soltos demais. Se antes os modelos nos oprimiam, agora sentimos vertigens. Não nos tomem por retrógrados, o raciocínio é na realidade simples: não encontramos as medidas certas. Ídolos foram quebrados, é hora de pensar algo interessante para fazer. Deuses morreram, está na hora de inventar novas maneiras de viver.
(Fundamentos, Ética da Doçura)
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