Até então, para mim, o eterno retorno não passava de um esquema filosófico ou esotérico
como tantos outros, mas foi se convertendo em uma espécie de sensação, de fenómeno,
como aquela intuição que às vezes nos ocorre ao contemplarmos os entardeceres sentindo
que algo parece estar prestes a se revelar. Interessei-me pela teoria teosófica sobre os
chamados registros akáshicos. À procura de um diagnóstico, soube que a própria postulação
do eterno retorno era cíclica, que sua origem podia estar na percepção de um mundo decadente
cujo criador sucessivas vezes o conflagra para então voltar a instaurá-lo. Os dias
e as noites, as estações, a roda da fortuna, a circunvolução das ondas, nascimento-vida-morte,
as vicissitudes do destino, e tantas coisas, seriam emblemas daquela corrupção e regeneração
rotatórias e permanentes maiores.
(Ricardo Pontes Nunes)
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