Médicos e cientistas concluíram que a terapia de privação androgênica (TPA) contra o câncer de próstata só produz benefícios para o paciente nos primeiros 9 a 12 meses.
Os testes mostraram que estender a terapia além desse período oferece apenas uma proteção adicional residual, mas com um potencial de danos, já que a continuidade além desse período aumenta o risco de outros problemas de saúde, como doenças cardíacas ou metabólicas.
A TPA (terapia de privação androgênica) é um tipo de terapia hormonal normalmente administrada juntamente com a radioterapia para retardar o crescimento do câncer de próstata, e o tratamento faz isto reduzindo os níveis de testosterona. Embora tenha-se mostrado eficaz no controle da doença, a TPA a longo prazo acaba causando efeitos colaterais, incluindo perda óssea, perda muscular e problemas cardiovasculares.
Na verdade, os resultados mostram que a duração ideal da TPA depende do risco de câncer:Pacientes de baixo risco não têm ganhos significativos, podendo dispensar a terapia de privação androgênica.
Pacientes de risco intermediário se beneficiam mais com 6 a 12 meses de TPA.
Pacientes de alto risco podem beneficiar com até 12 meses de TPA, enquanto pacientes de risco muito alto podem necessitar de um tratamento mais prolongado, quando então o risco do câncer sobrepuja o risco dos efeitos colaterais.
O tratamento não deve ser padronizado
As diretrizes de tratamento atuais geralmente recomendam de 4 a 6 meses de TPA para pacientes de risco intermediário e de 18 a 36 meses para pacientes de alto risco, mas a duração ideal ainda não está definida. Este novo estudo mostra que a extensão do tratamento deve ser bem menor, não ultrapassando 12 meses para pacientes de risco intermediário, e só devendo superar esse prazo em pacientes de risco extremamente elevado de morte pelo câncer de próstata.
O que a equipe destaca é que estes resultados destacam a importância de planos de tratamento personalizados para homens com câncer de próstata. Cursos mais curtos de terapia hormonal podem ser suficientes para muitos pacientes, reduzindo os efeitos colaterais e mantendo a eficácia. Os médicos agora podem usar fatores específicos do paciente, incluindo risco de câncer, saúde geral, idade e preferências, para tomar decisões mais informadas sobre a duração da terapia de privação androgênica, melhorando tanto a segurança quanto a qualidade de vida.
"O tratamento do câncer de próstata não deve ser padronizado," disse o Dr. Amar Kishan, da Universidade da Califórnia de Los Angeles. "Estas descobertas ajudam os médicos a personalizar a terapia, equilibrando o controle do câncer com os potenciais efeitos colaterais e outros riscos à saúde."
Saúde
Checagem com artigo científico:
Artigo: Optimal Duration of Androgen Deprivation Therapy With Definitive Radiotherapy for Localized Prostate Cancer
Autores: Nicholas G. Zaorsky, Yilun Sun, Abdenour Nabid, Almudena Zapatero, Michel Bolla, David Joseph, Philippe Maingon, Araceli Guerrero, Ana Alvarez Gonzalez, Carmen Gonzalez San-Segundo, Maria Ángeles Cabeza Rodríguez, Josep Maria Sole, Agustí Pedro Olivé, Allison Steigler, Luis Souhami, Nathalie Carrier, John G. Armstrong, Charles Gillham, Thomas M. Pisansky, Matthew Schipper, Howard M. Sandler, Jason A. Efstathiou, Colleen Lawton, Theo M. de Reijke, Gerhardt Attard, Soumyajit Roy, Scott C. Morgan, Shawn Malone, William A. Hall, Paul L. Nguyen, Jonathan E. Shoag, Randy A. Vince Jr, Adam Calaway, Jorge A. Garcia, Pedro C. Barata, Prateek Mendiratta, Jason R. Brown, Luca Valle, Matthew Rettig, Robert T. Dess, William C. Jackson, Ting Martin, Angela Y. Jia, Michael Steinberg, Tahmineh Romero, Amar U. Kishan, Daniel E. Spratt
Publicação: JAMA Oncology
DOI: 10.1001/jamaoncol.2025.4800 (Via DS)