As medidas deste ano no IRS beneficiam mesmo os que têm rendimentos mais elevados, apesar de terem sido apresentadas como atingindo o objectivo exactamente oposto. Decisões destas, sem que se oiça uma palavra do PCP e do Bloco de Esquerda seriam impensáveis noutros tempos. E aqui temos mais um exemplo do ilusionismo que se tem praticado na governação.
Outros dossiers revelam exactamente as mesmas características, de ilusionismo, de expectativas criadas que não se concretizam e, em termos gerais, de infantilização da sociedade. Transformando-nos em incapazes de compreender que o Estado não tem, de facto, dinheiro para fazer aquilo que o Governo está a prometer. Que a ideia de que havia outra alternativa, por contraponto ao não há outra alternativa (retirado da expressão em inglês There Is No Alternative, TINA), é viável em tudo menos quando não há dinheiro.
É nesta ilusão de alternativa que a prometida integração dos precários se vai atrasando, assim como a aplicação as progressões nas carreiras. É por isso que a Saúde se vê congelada e com necessidade de ser chamada aos rigores financeiros das estratégias cativadoras de Centeno. É também por isso que se arrastaram os processos das vítimas de Pedrogão, que só o Presidente conseguiu acelerar para vermos agora em Março o pagamento das primeiras indemnizações às vítimas. Mas faltam ainda os feridos.
Excertos do artigo de Helena Garrido, OBSR
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