Não coloco em causa a habilidade política de António Costa, já a demonstrou em várias ocasiões e em âmbitos distintos. A astúcia ninguém lhe a tira, nem a capacidade inata de persuadir e de gerir sensibilidades. Demonstrou-o na relação com AML no seu primeiro mandato à frente da CML – um exemplo sério e primoroso de “Alta Política”. Ou ainda pela forma como ludibriou os socialistas afastando Seguro da liderança do PS, com o argumento do incontornável garante de uma estrondosa vitória - um magnífico exemplo (também ele primoroso), mas desta feita, da “baixa política”.
Os resultados já os sabemos e em política todas as leituras são possíveis e legítimas. O que não pode ser possível nem legítimo – e para mim não é – é jogar com o futuro de um País. Com que justificação?
Das duas uma, ou António Costa está a jogar nos bastidores, vendendo-se difícil, ameaçando com a grande coligação de esquerda (a maioria negativa que não seria possível), ganhando margem negocial e, claro, o protagonismo necessário à sua sobrevivência política; ou está a dar o dito pelo não dito e está mesmo convicto de que a melhor solução para governar é mesmo a tal maioria negativa, indiferente à esquerda radical em que se suporta e que olha apenas para a oportunidade de, tão e somente, canibalizar o PS. Não concordo com a primeira e aterroriza-me a segunda.
Porque não me revejo no “gambling” político que mina a credibilidade e a confiança. Acredito na frontalidade e na seriedade de argumentos como reforço da democracia e da valorização da política. A jogada de alto risco que tenta à esquerda ameaça a credibilidade internacional conquistada a ferros e deixa antever uma pulverização do PS.
Filipe Baptista,Ji
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