O desejo de viver num país emancipado do Estado-Papá é abundante e politicamente motivador, sobretudo para quem não vive de rendimentos públicos. Mas não é claro se este pensamento, que também é o meu, consegue ultrapassar as curtas margens de uma elite intelectual, urbana e burguesa, com muita força para mobilizar opiniões mas muito pouca força para mobilizar votos. A verdade é esta: falta testar o liberalismo em tempos de crescimento económico, e é perfeitamente possível que os cortes no intervencionismo estatal só sejam aceites pelos portugueses em casos de absoluta inevitabilidade – como aconteceu com a intervenção da troika –, não correspondendo a qualquer vontade estruturada de modificar o statu quo.
João Miguel Tavares, Público
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