
No outro dia ouvi com algum interesse um partner de uma das big fourfazer uma intervenção onde metia millennials e centennials ao barulho. No fundo, no fundo, para dizer que não conseguia gerir esta malta nova e que lhe escapavam por entre mãos. Não o disse de forma tão desabrida mas disse-o de forma encapotada. Entravam e saíam da empresa, dos projetos, de qualquer forma possível de planeamento. Não se fixavam. Não tinham commitment para com as organizações, não vestiam a camisola, não passavam bola a quem quer que fosse que não a eles próprios. Pois!
Apresentou-se, meio angustiado, como impotente face à incapacidade que sentia por nada poder fazer. (...) Há para aí um rol de coisas escritas e de testemunhos e de características sobre as gerações X e Z (millennials e centennials). Pouco importam. Direi o que vem à frente baseado no contacto diário com estas novas gerações. Nas aulas e fora delas. Que fundamentos – quais princípios – são estes das gentes que nascem no virar do milénio, agora do centenário e, depois, do decénio e sempre a tender para o momento?
[A saber e meditar:]
Princípio #1: Cheirar. Estão numa aula, para dar um exemplo, para cheirar o “fenómeno”.
Princípio #2: Experimentar. Uma derivada, a primeira, do verbo cheirar. O cheirar é rápido e cheiramos muitas coisas de forma muito rápida que, tanto quanto possível, nos dão um grau da intensidade da coisa. Pelo que o experimentar também deve ser rápido. “Ainda não fui assistir à aula do prof. X. Vamos lá, tenha ou não a ver com o que estamos a fazer.”
Princípio #3: Mudar. Mudar rápido. Conseguir set-up timesacelerados. Passar de uma atividade para outra apressadamente. Conseguir fazer muitas coisas diferentes no menor espaço de tempo.
Princípio #4: Fugir. Melhor expressão que a que se usa no whatsapp ou nos SMS para já passei para outra é “fui”. Fui embora. Já não estou aqui. Arranquei. Basei. Enfim, mudei e é bom que seja rápido.
Princípio #5: Descomprometer. Melhor, não comprometer. Nada que possa trazer grandes compromissos. Isso é coisa do antigamente. Estabilidade, relacionamento estável, comprometimento são tudo coisas a evitar. Viver o momento.
Princípio #6 (ele há muitos mais mas não vos vou massacrar): Ignorar. Ignorar os outros a chorar. Ignorar os outros a sofrer. Ignorar os outros a pedir. Ignorar até os outros a agradecer. Ou a pedir desculpa.
Disclaimer: Isto dito e chegados aqui apenas quero deixar, a título final e pessoal, o meu gosto enorme por estas novas gerações. Às vezes, confesso, não sei como lhes chegar. Mas, admito também, fascinam-me.
(excertos do artigo de José Crespo de Carvalho, Gerações “…ennials”: a força do momento,OBSR)
Sem comentários:
Enviar um comentário